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Bruno Soares: sobre autoanálise, otimismo e uma grande revelação

Alexandre Cossenza

11/12/2015 08h00

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A agenda de Bruno Soares é cheia, e a conversa rola durante o almoço, entre compromissos e treinos mineiro de 33 anos. Quando ele começa a falar, porém, não há pressa. O papo é sobre sua pior temporada nos últimos cinco anos. Top 10 de junho de 2013 até o começo de 2015 e número 3 do mundo por quase um ano inteiro, Soares é agora "apenas" o 22º do ranking de duplas. E, como é típico de um tenista que quase foi forçado a encerrar a carreira por lesão, sem drama.

Na conversa, o mineiro revelou um sério problema extraquadra que afetou o rendimento de sua dupla com o austríaco Alexander Peya, mostrou-se frustrado com a falta de resultados e falou das derrotas que mais machucaram em 2015. Não faltou, porém, otimismo. Com seu nível de tênis, o recente título no ATP 500 da Basileia e a futura parceria com o britânico Jamie Murray.

Soares também falou sobre o momento das duplas no Brasil, com Marcelo Melo ocupando o topo do ranking, e no mundo, com os gêmeos Bob e Mike Bryan perdendo a hegemonia do circuito. Ah, e quem será que vai jogar duplas mistas com Teliana Pereira nos Jogos Olímpicos, hein? A íntegra da (longa e esclarecedora) conversa está abaixo. Leiam!

Vamos começar do começo de 2015. A última vez que a gente conversou foi no Rio Open e você disse que estava sem aquela confiança que ganha jogo. A coisa melhorou depois dali, mas não o bastante pra te satisfazer, né?

Não. A sensação deste ano é que em nenhum momento a gente conseguiu embalar. A gente teve bons momentos, que a gente jogou um tênis muito bom, ganhamos jogos muito bons, mas em nenhum momento a gente conseguiu embalar. A gente acabou sempre esbarrando em alguma coisa. Uma coisa que a gente esbarrou muito este ano foi o super tie-break, que custou muito caro. Nossa campanha eu nem olhei nem quero olhar, quero esquecer, mas deve ter sido horrível, né? Isso, no formato que a gente joga, pesa demais. Super tie-break é uma coisa muito de momento e confiança. Quanto melhor seu momento, melhor você consegue jogar ali. Foi o grande problema deste ano. O mais legal foi depois que decidimos que a gente ia separar, que foi um momento muito triste porque a gente é muito amigo, foi ter conquistado o título da Basileia e ter mostrado para a gente que foi um ano complicado, mas quando a gente joga bem, pode ganhar de qualquer um. A gente ganhou de quatro duplas que foram para o ATP Finals (Bopanna/Mergea, Matkowski/Zimonjic, Rojer/Tecau e Murray/Peers), então foi bom nesse sentido de afirmação. Não tivemos um ano bom, a gente sabe disso. Teve muita coisa que não saiu do jeito que a gente queria, mas quando a gente joga bem, a gente sabe do nosso potencial.

Eu estava guardando essa pergunta para o final, mas você já…

(interrompendo) Já te f… de início, né?

(risos de ambos) Mas você citou Basileia, as quatro duplas que vocês derrotaram e… Como é ver Rojer e Tecau ganhando tanto e terminando o ano como número 1 do mundo? Porque você e o Alex têm retrospecto bem favorável contra os dois… O quanto mexe com a cabeça você estar num ano ruim e pensar "eu ganho desses caras?"

Tem os dois lados da moeda. Este ano, a gente não conseguiu render o nosso melhor. A gente tem isso claro. Mas chegou um momento que era meio mostrar para nós mesmos que a gente, junto, ainda podia jogar bem tênis. E este ano foi complicado de alguns problemas da parte do Alex, que não vêm ao caso e não vale a pena dizer. Ele teve alguns problemas extraquadra que ele passou uma barra muito maior. Acabou influenciando em algumas coisas e foi um ano bem complicado para ele. Mas é legal chegar num momento desses, no fim do ano, que é mostrar que a gente pode ganhar de qualquer um. Mas foi um ano difícil nesse aspecto. Você pega o próprio Marcelo e o Ivan, que tiveram um grande ano. Nosso head to head com eles era 5 a 0. Este ano, nós perdemos três. Então é uma coisa de momento. Nos últimos dois anos, nosso momento era melhor que o deles, e a gente ganhava. Aí você fala "por quê?" Não sei. Este ano, a coisa inverteu. Murray e Peers ganharam duas da gente. No fim do ano, a gente até conseguiu "pegar" eles uma vez, mas era uma dupla que a gente tinha 6 a 0 nos confrontos. Rojer e Tecau, a mesma coisa. Mas o que me deixa bem tranquilo é saber que na maior parte do ano, eu estava jogando um tênis de alto nível, apesar de as coisas não estarem acontecendo da forma que eu queria. Isso me deixa tranquilo de saber que ano que vem eu continuo jogando um tênis de alto nível e se continuar nessa linha, vou conquistar algo legal e voltar para o ranking que eu acho que deveria estar, que é melhor do que isso aí.

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Você nunca foi chegado a teorias apocalípticas, e com o formato das duplas hoje, uma sequência de três, quatro, cinco derrotas não significa necessariamente um péssimo momento. Mas em alguma parte desta temporada soou um alarme do tipo "tem que mudar alguma coisa"? E não digo nem só de mudar de parceiro…

É… Soou médio. Como foi um ano complicado, principalmente da parte do Alex – extraquadra – a gente tinha muito bem claro na cabeça o porquê de certas coisas, de alguns momentos ruins, de a coisa não estar andando muito bem…

(interrompendo) Essa questão do Alex que você acabou de mencionar eu acho que ninguém sabe…

Ninguém sabe! E ninguém vai saber. Na verdade, são problemas dele e todo mundo sabe que houve problemas. São coisas que influenciaram nos resultados. Então tinha um pouco de a gente saber o porquê disso tudo, mas chega um momento que pinta uma dúvida. Você fala "pô, não é possível, toda hora chegando e batendo na trave." Chegou um momento na temporada de saibro que a gente perdeu muita coisa chegando muito perto. Chegamos na semifinal de Barcelona, ganhamos dois bons jogos, perdemos dos caras que foram campeões (Draganja e Kontinen) com quatro match points. Isso é aquele negócio: de repente, se a gente ganha aquele jogo, fazia a final contra Murray e Peers, ganhava e são 500 pontos. A coisa poderia mudar de figura. Ao longo do ano, faz muita diferença. O próprio ATP Finals, que ficou parelho no fim do ano… Todos essas pontos fariam diferença, e a gente já estaria classificado. Com esse tipo de coisa, começa a pintar uma dúvida na cabeça. Mas esse é o momento de ter tranquilidade e saber onde você está. Eu senti que estava jogando bem. Agora é questão de ter paciência e continuar insistindo.

Os problemas do Alex jogam uma luz que ninguém tinha na história dessa temporada. Eu, por exemplo, te perguntaria se quando as coisas começaram a dar errado, você pensou na questão da idade (33 anos), se é o começo do fim, se fisicamente tem alguma coisa errada, se os reflexos estão indo embora…

Exatamente. Isso é uma coisa que o atleta tem que olhar. Principalmente hoje em dia, que todo mundo joga até mais tarde. É uma pergunta que a pessoa se faz. "Peraí, vamos ver esse vídeo, conversar com o treinador… Tô mais lento?" Eu faço essa pergunta pro Alex, pro Scottie (Scott Davidoff, técnico da dupla) muitas vezes. "Mas aquela bola… Você acha que eu estava lento, que deveria ter chegado? Eu cobri errado?" E aí muitas vezes você enxerga alguma coisa que de repente não estava vendo. Mas tenho muito bem claro que não foi por nada disso que os resultados não apareceram. Não é porque estou jogando pior, ficando mais velho, mais lento ou não estou aguentando mais a batida. Pelo contrário. Eu me sinto melhor fisicamente, mais maduro e mais preparado para conquistar coisas maiores. Não é o começo do fim, não é o início da descida da ladeira. Acho que tenho alguns anos ainda para subir antes de começar a descer. Vou entrar ano que vem sabendo do nível que eu estou jogando.

Já ouvi algumas pessoas dizerem que a IPTL (liga de exibições disputada em dezembro) te atrapalhou.

A IPTL tem os dois lados. Ela pode, sim, atrapalhar. É difícil eu te falar. Nem eu consigo dizer se ajudou ou atrapalhou. Eu não sei. Foi uma grande experiência para mim, foi muito legar ter participado, principalmente por ser o primeiro ano.

Lembro de você me dizer na época coisas do tipo "hoje treinei com o Agassi com a Serena na beira a quadra!"

Exatamente. Foi uma experiência fantástica. Mas tem isso… Você vem de cinco, seis, sete anos fazendo a mesma coisa. O seu corpo está acostumado com aquele momento não ser de competir. Você está tirando suas férias. De repente, parece que tem dois anos seguidos (de competições). E realmente é extremamente desgastante. Foi positivo ou negativo para o ano? Isso eu não sei te falar. É muito do "e se". É difícil falar. Se eu tivesse ido para a IPTL, me machucado e perdido três meses, que foi o que aconteceu com o (Marin) Cilic, eu poderia ter falado que me sobrecarregou, mas não foi o meu caso. Pode ter influenciado? Pode, mas não sei te dizer quanto a isso. Foi uma experiência enriquecedora, vivi coisas incríveis para mim e agora é o seguinte: passou, analisou o que deu certo e deu errado, o que eu posso fazer para melhorar e toca o barco. Não adianta ficar remoendo.

Vamos para uma pergunta mais fácil então (risos). Qual foi a vitória mais legal do ano? Foi mesmo na Basileia?

Foi disparado. O grande lance da Basileia veio muito da parte emocional nossa, minha e do Alex. Porque a gente ficou triste com a separação, só que em nenhum momento nós brigamos. Somos grandes amigos. O Alex é um cara que virou um irmão para mim. E foi o que eu falei: pinta aquele negocinho de a gente saber que Rojer e Tecau estão lá, Murray e Peers estão lá, Marcelo e Ivan… E a gente não estava conseguindo render. E a Basileia serviu para dar essa tranquilidade para a gente. Tivemos três anos e meio fantásticos, não vamos terminar pensando neste último ano. Vamos pensar em tudo que a gente fez. Foram 11 títulos juntos, né? Tanta coisa boa… E a Basileia deu isso para a gente. "Quando a gente consegue jogar nosso melhor, é isso que a gente consegue fazer." A decisão já estava tomada, não tinha como voltar atrás, nem era uma possibilidade, então foi muito importante não só pelo caneco, mas por esse lado emocional nosso.

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E a derrota que doeu mais?

(pensativo) Cara… (pensando mais) Vou pensar um pouquinho para não falar besteira. Foram duas. (outra pausa para pensar) Não, vamos voltar. Você perguntou uma, vou falar só uma. Não doeu porque não tenho muito isso de ficar remoendo derrota, mas me incomodou bastante a semifinal do Rio Open. Era um torneio bem duro e, no momento que a gente entrou para jogar a semifinal, os colombianos (Robert Farah e Juan Sebastian Cabal) tinham acabado de perder, que foi uma surpresa, para o (Philipp) Oswald e o (Martin) Klizan. E a gente estava na semi contra o (Oliver) Marach e o (Pablo) Andújar. Ou seja, se você desenhasse a oportunidade de ganhar um ATP 500, e sendo no Rio, em casa, que é obviamente diferente… Não podia ter uma trajetória menos complicada. E essa derrota me incomodou demais. A gente era bem favorito naquele cenário e acabou perdendo a oportunidade de ser campeão no Rio. Essa derrota não me incomodaria tanto se fosse em outro lugar, outro ATP 500.

Agora eu fiquei curioso. Você falou em duas… Qual foi a outra derrota?

Não, a outra que me incomodou um pouco foi a Copa Davis. Até porque perder em Copa Davis envolve muito mais do que a própria derrota. Influencia no time e em muito mais coisa. Realmente, ela incomodou. Tirou uma invencibilidade nossa, mas isso é uma coisa que eu não penso. Uma hora ia acabar. Mas incomodou pelo fato do time, de a gente ter dificultado as coisas para o time do Brasil.

E a parceria com o Jamie? O que te faz acreditar que pode dar certo?

Cara, o Jamie é um cara que os pontos fortes dele potencializam os meus pontos fortes. Ele joga muito bem na rede, então entra muito bem naquela combinação: eu devolvendo e ele fechando a rede. Mas não só isso. O Jamie evoluiu demais nos últimos dois anos. Ele é um grande jogador, muito mais maduro. Acho que a Copa Davis vai fazer um bem enorme para ele. Os caras foram campeões. E ele, coitado, tem uma pressão enorme pelo fato de carregar o nome do Andy em tudo que ele faz. Querendo ou não, o Jamie conquista isso, e sempre tem aquela perguntinha sobre o irmão do Andy. Querendo ou não, deve incomodar o cara. E tem essa pressão de jogar a Davis ao lado do Andy. Ele vai trazer muita coisa positiva nesse sentido. E tem esse lance de estar preparado para conquistar coisa grande.

Depois de dois vices em Slam, é essa a hora dele?

Hoje, é moldar o nosso jogo, ver qual vai ser nossa forma de jogar, o que a gente poder fazer, mas acho que o mais importante é perguntar: "esses jogadores estão prontos para ganhar um Grand Slam?" Eu acredito que sim. Eu acho, e isso é achismo meu porque não conversei com o Jamie e não sei, mas acho que ele tinha essa sensação com o Peers. Que ele é um grande jogador, mas eles bateram na trave na maioria das coisas. Acho que isso é uma das coisas que fez o Jamie me chamar. O Peers chegou agora, tem menos experiência nesse aspecto. Acho que o Jamie vê isso em mim. Ele vai conseguir manter o nível que vinha jogando com o Peers, mas agora com um cara mais experiente e acostumado a jogar esses momentos. Isso, para mim, faz diferença. Aconteceu com o Marcelo este ano. Você vê a maturidade. Quando chegou numa final de Grand Slam, de Masters 1.000, já era uma coisa natural para ele. Alguns anos atrás, era uma novidade. Quanto mais acostumado, mais fácil é você jogar o seu melhor.

(leia aqui entrevista exclusiva com Jamie Murray)

Ter um brasileiro número 1 do mundo muda muito alguma coisa? Seja exposição, mais gente se interessando ou qualquer outro elemento do cenário no Brasil?

Acho que muda. O tanto que vai mudar nós vamos ficar sabendo agora. A gente conseguiu transformar isso aí nos últimos anos e trazer as pessoas para o mundo das duplas. Muita gente se interessou mais, a TV mostrou mais, a turma passou a conhecer e torcer pela gente. A gente está mostrando um caminho diferente. O lance, para mim, é que o Marcelo chegar a número 1 do mundo é um feito enorme, absurdo, todo mundo sabe. Acho que é diferente do caso do Guga porque é o seguinte: a gente vem há um tempo jogando no mais alto nível. Em 2013, eu fui número 3 do mundo, mas já era top 10. Tem cinco anos que a gente vem jogando assim. Isso foi sendo moldado aos poucos. O Marcelo alcançou o número 1 do mundo, mas o pessoal já estava acostumado com aquelas coisas. Ele não fez nada de diferente do que ele já vinha fazendo. A grande diferença foi sair de 3 para 1, que é um feito enorme.

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Enquanto o Guga, quando venceu Roland Garros, ninguém conhecia.

Nada. Exatamente. O lance do Marcelo é muito disso. Essa mudança a gente começou há muito tempo. Então não dá para dizer "o Marcelo está número 1 do mundo e não mudou nada." Peraí, já vem mudando há muito tempo. Hoje, a atenção é muito maior. Os nossos patrocinadores, a nossa visibilidade, a quantidade de horas na TV… Isso já é muito maior. Então o lance de o Marcelo ser número 1 vai contribuir ainda mais.

E o quanto esse efeito (pensando) … Não tenho um nome pra isso…

(interrompendo) Efeito Pão de Queijo!

Gostei disso. Você inventou agora?

Eu estudo marketing na Estácio, né, cara? Então estou preparado! (risos)

(risos) Então tá: o quanto esse Efeito Pão de Queijo "rouba" tenistas para as duplas?

Eu acho que zero. Ninguém. Toda pessoa vai sempre começar com o foco nas simples.

Mas não acelera o processo?

Eu acho que racionaliza o processo. O cara vai sempre começar nas simples. É que duplas não era uma opção antes. A turma não pensava. Agora o cara já tem um banco de dados. "Fulano foi dessa forma, Siclano foi dessa forma…" Antes, o cara que ficava tentando até os 29, 30, naquele negócio… Hoje, vai encurtar a distância. Tem o Demo! (Marcelo Demoliner) O cara tem 24, 25, 26, diz "estou 200 em simples e achei que nessa época os caras que começaram comigo já estão top 100. Dupla eu tenho potencial maior, conquistei mais coisa." Então racionaliza o processo. Vamos tirar zero das simples. Apenas vamos abrir o leque de possibilidades para os jogadores.

Falando de Rio 2016, quem vai jogar dupla mista com a Teliana?

Isso é uma boa pergunta. Não sei. Acho que a primeira coisa a ser feita, que não foi conversado, é criar um critério. E aí quem alcançar esse critério vai jogar. Vai ser por ranking? Vai ser por histórico de dupla mista? Vai ser par ou ímpar? Vamos escolher o critério, que é o mais correto. Aí você tira todo tipo de chance de as pessoas falarem que teve alguma influência de alguma outra coisa que não seja justo com o jogador.

Última pergunta: como você está vendo a situação dos Bryans?

É uma pergunta que hoje não sei te responder e para mim vai ser o grande ponto de interrogação para o ano que vem. Este ano foi a primeira vez desde que eu acompanho que vi eles realmente perdendo o controle da situação. Em 2009, quando Nestor e Zimonjic terminaram como número 1, os Bryans não dominaram tanto, mas você via que eles estavam jogando bem. Tinha aquela sintonia dos Bryans. Este ano foi a primeira vez que vi eles meio perdidos, sem um plano de jogo, sem saber o que fazer. As coisas que eles fazem não estavam dando certo e estavam meio perdidos nessa busca de como jogar. E no fim do ano isso potencializou um pouco. Acho que a derrota no US Open (para Steve Johnson e Sam Querrey na primeira rodada) abalou demais a confiança deles. Eles vinham jogando muito bem, e o US Open deu uma martelada neles. O fim de ano foi a pior época dos Bryans. Isso, para mim, é a grande dúvida para o ano que vem. Se você perguntar para mim "os caras estão ladeira abaixo, decadentes?", eu acho que longe disso. Eles jogaram no piloto automático por muito tempo por serem muito bons e muito melhores. Eles perderam um pouco disso aí e precisam se reencontrar. Agora depende do tanto que eles querem. Pelo que eu conheço, eles vão estar mordidos. Esses caras adoram competir e ganhar. Se eles vão conseguir executar, é outra coisa.

E o circuito vê isso como?

Esse ponto entra muito num lance muito parecido com o do Nadal. As pessoas começaram a acreditar muito mais que podem ganhar dos Bryans agora. Isso é um fator importantíssimo. Cansei de ver jogo nos últimos dez anos de eles ganharem com o nome. Até comigo já aconteceu! Obviamente, você nunca entra com o jogo perdido. De repente, você abaixa a guarda e… Depois da primeira quebra, você fala "é, realmente hoje não vai dar de novo." E é ladeira abaixo para você. E eles sentem isso! Eles montam e é impressionante. Hoje, a galera está sentindo isso. "Eles estão sentindo a pressão na hora de fechar o jogo." É que antes eles não te davam chance de respirar. Agora, não. A galera começou a ver que tem sempre uma luz no fim do túnel. E isso é um fator que eles vão ter que encarar. Jogar todo jogo até o final.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.