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Saque e Voleio

Entrevista com Jamie Murray: "Estamos desesperados para ganhar um Slam"

Alexandre Cossenza

18/11/2015 08h00

Novo parceiro do brasileiro Bruno Soares, o britânico Jamie Murray encerrará nesta semana a melhor temporada de sua carreira. O escocês, número 7 do mundo – melhor ranking da vida até agora, conquistou em 2015 dois títulos e seis vices. Entre estes, os de Wimbledon e US Open.

Dois anos atrás, era Soares quem batia na trave do sonho de ganhar um dos quatro títulos mais importantes do circuito de duplas masculinas. Naquela final de US Open, porém, o austríaco Alexander Peya entrou em quadra com dores nas costas e mal conseguiu jogar. A maior chance das vida do mineiro (e do austríaco!) passou sem ser sequer uma chance propriamente dita.

Nada mais justo, então, que após estarem tão perto de grandes troféus, Jamie Murray e Bruno Soares tenham um objetivo só como parceria em 2016: ganhar um Slam. E o escocês, irmão mais velho e menos famoso de Andy, não precisa de eufemismos. Em entrevista concedida por e-mail, foi franco e direto: "Nós dois estamos desesperados para ganhar um Slam."

Nas respostas de Jamie, cheias de pontos de exclamação e sorrisos (nota: o comentário em parênteses sobre Wimbledon foi reproduzido exatamente como estava no email), fica nítida a empolgação por atuar com um amigo de longa data. Entre tudo que escreveu, o escocês sugeriu um nome para a parceria e ainda fez uma piada sobre os jogos entre seu irmão e seu novo parceiro. Leia abaixo!

Bruno conta que vocês se encontraram pela primeira vez em um torneio Challenger na Colômbia, em 2006, em que ele te derrotou nas simples. Você lembra de algo sobre esse dia?
Eu vi o Bruno jogar pela primeira vez quando eu tinha 14 anos e assisti à partida em que ele disputava a final do Orange Bowl de 18 anos em Miami. Então, cinco anos depois, estava jogando contra ele nesse qualifying de simples na Colômbia. Acho que ele tinha se lesionado por um bom tempo e estava tentando voltar. Fico feliz por ele ter vencido porque teria abalado a confiança dele perder para mim nas simples!!! E no saibro!!! Eu só jogo no saque e voleio :))

Obviamente, já passou muito tempo desde aquele dia. Quando você convidou o Bruno para formar parceria em 2016, qual foi a motivação? O que pesou mais para você optar por ele?
Eu tive um ótimo ano com meu parceiro, John Peers, mas estava pronto para um novo relacionamento e estava muito animado para jogar com o Bruno. Nunca joguei com um grande devolvedor antes e acho que isso vai tirar o melhor de mim, com meus pontos fortes na rede, então fiquei bastante empolgado quando ele concordou em jogar comigo. Ele é normalmente calmo sob pressão, o que dá confiança e faz você acreditar nos momentos importantes, então estou esperando que seja uma combinação de sucesso.

Uma das coisas que todo mundo diz é que Bruno é um cara fácil de lidar e que isso ajuda muito numa parceria. Vocês sempre se deram bem durante esses anos todos?
Bruno é um ótimo cara, Parece sempre feliz quando passo algum tempo com ele. É sempre divertido. Espero que continue assim em 2016! 😉

Com você vindo de duas finais de Slam e Bruno também já tendo jogado uma decisão de US Open, é justo dizer que vocês esperam lutar por títulos de Slam em 2016 e, quem sabe, pelo topo do ranking?
Acho que nós dois estamos esperando alcançar coisas grandes no ano que vem, mas entendo que leva tempo para construir uma parceria. É claro que quando entrarmos em quadra vamos tentar fazer nosso melhor. Espero que isso nos traga grandes títulos. Acho que é o objetivo de todos jogadores ganhar um Grand Slam, já que é o maior prêmio do nosso esporte e nós dois estamos desesperados para ganhar um! (preferencialmente em Wimbledon!) 😉

Bruno finalmente vai jogar com a segunda metade de Booty & Stretch, parceria que você formou com Eric Butorac e que tem um dos nomes mais legais da história do tênis de duplas. Você já tem um nome legal para o time com Bruno?
Nós podemos ser o time soirée. :))

Uma das peculiaridades de 2016 é a presença das Olimpíadas no calendário. Em anos assim, normalmente vemos tenistas formando duplas com seus compatriotas, o que obviamente não é o caso de vocês. Bruno costuma dizer que isso nunca foi um problema porque ele conhece bem Marcelo, então os dois não precisam jogar juntos o tempo inteiro. A sensação é a mesma para você e Andy?
As Olimpíadas no Rio serão uma experiência sensacional, tenho certeza. Se eu jogar com Andy, isso só fará tudo ser mais especial e faremos tudo para tentar uma medalha. Jogamos muitas vezes juntos, então não precisamos passar tanto tempo juntos em quadra para entender a melhor maneira de ter sucesso. Precisamos nos preparar bem, dar tudo em quadra e veremos o que vai acontecer. Ninguém nunca sabe o que vai acontecer no esporte.

Manter você em forma para jogar as Olimpíadas com um dos melhores simplistas do mundo pode ser muita pressão para o Bruno?
Bruno sempre chuta o traseiro do Andy nas duplas, então não acho que ele vai sentir pressão alguma!! Pelo menos espero!!!

Bom, você sabe que sua mãe é uma celebridade no mundo inteiro. Alguma chance de ela aparecer no Rio de Janeiro se você vier para o Rio Open, em fevereiro do ano que vem?
Acho que minha mãe estará no Rio porque ela é capitã da Fed Cup, então estará lá com as meninas britânicas que estiverem competindo. E fazendo muito barulho nos apoiando, tenho certeza!

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.