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Marcelo Melo e o #1 em números: quem é o melhor parceiro?

Alexandre Cossenza

25/10/2015 10h21

Nem soluções para a crise na Síria, nem uma trégua para o leste da Ucrânia, nem conclusões definitivas sobre duplas e o ranking de Marcelo Melo. A intenção deste post é apenas dar sequência à série de posts pão de queijo e levantar números, ilustrando o cenário que levou o mineiro de 32 anos ao posto de número 1.

Ao longo da ascensão de Marcelo, que já vem de alguns anos, foi possível ler e ouvir algumas teorias sobre seu momento. "Ele precisava jogar com um simplista", disse um comentarista da ESPN. "Ele escolhe bem parceiros" e "o Ivan carrega a dupla" são outras teses ditas por aí. Mas será que os números confirmam ou desprovam alguma dessas explicações? Ou nem uma coisa nem outra?

Ao fim desta semana, após sua 12ª vitória consecutiva e o título do ATP 500 de Viena, Marcelo Melo alcançou a marca de 7.680 pontos conquistados desde janeiro. Destes, 5.140 vieram ao lado de Ivan Dodig, seu parceiro habitual. Outros 2.540 foram somados em dupla com outros tenistas. Ou seja, o croata esteve ao lado do mineiro em 66% dos pontos – ou, arredondando, 2/3. O outro terço veio com Max Mirnyi, Julian Knowle, Bruno Soares, Raven Klaasen e Lukasz Kubot.

Outros números interessantes: Marcelo Melo conquistou 34,2% dos pontos possíveis nos torneios que jogou ao lado de Ivan Dodig. Quando teve outro parceiro, teve aproveitamento superior: 63,5%. São números, obviamente, que precisam de contexto. O brasileiro esteve ao lado de Dodig nos quatro Slams e em seis Masters 1.000. Com os "outros", foram apenas dois Masters, três ATPs 500 e dois ATPs 250. É uma grande diferença de nível.

Por último, uma observação que parece um tanto importante a esta altura do calendário. Em pontos, as melhores campanhas de Ivan Dodig, Raven Klaasen e Lukasz Kubot aconteceram ao lado de Marcelo Melo (são três de seus seis parceiros em 2015). E Bruno Soares, lembremos, também não conseguiu ao lado de Alexander Peya mais do que os 360 que somou com o conterrâneo em Miami (embora tenha igualado a pontuação em Wimbledon, Montreal e Roland Garros).

Após ler o parágrafo acima, me sinto tentado a perguntar: é Marcelo Melo que escolhe bem os parceiros ou o contrário?

Coisas que eu acho que acho:

– Está dito no início do post, mas reforço aqui: nenhum número é apresentado aqui como definitivo para comprovar tese alguma. O texto tem como objetivo principal ilustrar a temporada memorável de Marcelo Melo.

– A única conclusão que me sinto tentado a tirar parece um tanto óbvia: Marcelo Melo é um tenista fantástico que não depende deste ou daquele parceiro para ir longe em um ou outro torneio. É um duplista que não chega ao posto de número 1 isolado por acaso. Não precisou que ninguém o colocasse lá.

– Bruno Soares fez a pergunta do tweet acima antes do início do ATP 500 de Viena. Será que o mineiro estava confiante no conterrâneo?

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.