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Saque e Voleio

Brasil x Croácia, dia 3: a supremacia Borna

Alexandre Cossenza

20/09/2015 15h24

O fim de semana do garotão foi fantástico. Borna Coric, 18 anos e dono da responsabilidade de ser o #1 da Croácia em um confronto fora de casa, respondeu à altura. Pouco se incomodou com a torcida e a corneta de Dartagnan Jatobá (até provocou o público às vezes), fez duas partidas com nível técnico altíssimo, superou o calor e a umidade do domingo e venceu o ponto decisivo diante de um Thomaz Bellucci que não resistiu às condições e abandonou a quadra sentindo dores nas costas quando perdia por 6/2, 4/6, 7/6(4) e 4/0, depois de 3h11min.

Coric chegou a Florianópolis, é bom lembrar, vindo de um punhado de atuações irregulares em Barranquilla. Foi campeão na Colômbia, sim, mas em um torneio de nível bastante inferior ao que está acostumado a enfrentar no circuito. No entanto, desde que pisou na quadra do Costão do Santinho para enfrentar Feijão, mostrou-se um tenista muito mais sólido, concentrado e equilibrado. O resultado veio na forma de duas vitórias e apenas um set perdido.

Neste domingo, contra Bellucci, dois "momentos" fizeram enorme diferença para Coric. A primeira parte foi não entrar em pânico depois de perder o segundo set e ouvir a torcida transformar seu gemido em grito de guerra. Mas o adolescente também foi gigante quando, logo depois de perder o saque no terceiro set, agrediu o serviço do brasileiro e conseguiu a quebra em seguida. Coric não se perdeu nem quando desperdiçou de forma boba os dois set points que perdeu no 12º game. Entrou bem no tie-break e saiu vencedor.

"Ele mostrou o quão rápido está evoluindo, o quanto está amadurecendo, e lidar com essa torcida e a pressão dessa partida hoje e tudo mais. Então, o tie-break do terceiro set! Mesmo tendo feito uma ótima partida, no tie-break ele elevou seu jogo na hora mais importante. Como todos pudemos ver, não há limites para o que ele pode fazer em uma quadra. É um grande privilégio para mim tê-lo no time", derreteu-se em elogios o capitão croata Zeljko Krajan.

Coisas que eu acho que acho:

– Parte do público vaiou quando Bellucci deixou a quadra, mas a maioria da arena montada em Florianópolis aplaudiu e inclusive gritou o nome do #1 do Brasil. O paulista relutou em abandonar, mas já não conseguia ser competitivo quando finalmente tomou a decisão. Na coletiva, Bellucci inclusive afirmou que não sabe se teria conseguido aguentar nem se tivesse vencido o tie-break da terceira parcial.

– Florianópolis não ofereceu vantagem nenhuma ao time brasileiro além da óbvia presença do público (o que aconteceria em qualquer cidade). As condições climáticas não ajudaram nem Feijão nem Bellucci. A dupla, que gosta de condições mais rápidas, perdeu. E o calor e a umidade do domingo, combinados com as mais de 3h de jogo, trouxeram à tona a lesão nas costas que vem incomodando o #1 do Brasil há alguns meses. E nem é possível afirmar que incomodaram a Croácia.

– A possibilidade de ter calor e umidade em uma quadra sem luz artificial (ou seja, com as partidas começando no fim da manhã e entrando pelo meio-dia) sempre foi ruim para Bellucci, que tem um histórico de problemas físicos em condições assim. A aposta brasileira de insistir com Florianópolis acabou sendo um tiro no pé.

– Rebaixado novamente para o Zonal das Américas, uma espécie de segunda divisão da Copa Davis, o Brasil agora espera o sorteio de quarta-feira para saber o que esperar da próxima temporada. Soa como uma punição para um Bellucci que faz uma grande temporada, mas não conseguiu manter seu time na elite.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.