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Saque e Voleio

O boi de piranha croata

Alexandre Cossenza

17/09/2015 18h41

A expressão vem da cultura popular. Quando é preciso fazer um rebanho cruzar um rio cheio de piranhas, os criadores de gado sacrificam um boi e jogam seus restos no rio. O sangue atrai as piranhas, enquanto o rebanho faz a travessia sem sofrer ataque dos peixes. Pois em Florianópolis, nos playoffs da Copa Davis, Mate Delic é o boi de piranha croata. O capitão escalou o jovem de 22 anos e #499 do mundo para enfrentar Thomaz Bellucci logo no primeiro dia, às 10h locais. Em seguida, Feijão enfrenta Borna Coric, #33 do mundo e croata mais bem ranqueado entre os que estão na capital catarinense (Marin Cilic, lesionado, não está presente).

A intenção de Krajan é simples. "Sacrificar" Delic, tenista com currículo modesto e pouco sucesso até mesmo no circuito Challenger, e dar um dia de descanso a mais para Ivan Dodig, que vem de um título em quadra dura (no Challenger da St. Remy) e teve pouco tempo de adaptação em Floripa. Além disso, Ivan, #106 do ranking de simples, é o duplista #6 do mundo. Logo, sua participação no sábado, contra Marcelo Melo e Bruno Soares, é fundamental. E seria igualmente importante tê-lo em boas condições na eventual necessidade de um quinto jogo no domingo.

A manobra croata faz sentido, como costuma fazer quando um tenista precisaria jogar nos três dias de confronto. Ao mesmo tempo, é arriscado porque praticamente elimina as chances de o país vencer um ponto. Krajan afirmou que Mate Delic treinou bem durante toda a semana e também lembrou que seu "escolhido" conseguiu uma vitória importante contra a Holanda no playoff do ano passado, também disputado fora de casa (contra Igor Sijsling) e também abrindo o confronto.

O capitão croata, contudo, não ficou medindo as palavras nem tentou esconder o essencial. Disse, com todas as letras, que precisava de Dodig inteiro nas duplas, em um ponto "muito importante" para o fim de semana. E, claro, para a possibilidade de jogar no domingo. Para o Brasil, pouco muda. A diferença é que Bellucci é mais favorito ainda para vencer o primeiro jogo. Feijão continua como azarão contra Coric – o que pode acabar sendo bastante favorável ao #2 do Brasil.

Confrontos definidos, amanhã as 10hs começa a batalha! 👊👊👊 #timebrasil #daviscup

A photo posted by Thomaz Bellucci (@belluccioficial) on

Coisas que eu acho que acho:

– O tempo foi bastante ruim nos últimos dois dias em Florianópolis. A chuva forte de quarta-feira fez os times cancelarem os treinos da manhã de hoje. E mesmo na tarde desta quinta a quadra do confronto foi liberada por pouco tempo – novamente por causa da chuva. A essa altura (escrevo às 18h30min), parece inevitável que o confronto comece com o saibro muito, muito pesado.

– O saibro pesado não é ideal para Bellucci, mas não existe condição muito melhor do que jogar um playoff de Copa Davis em casa contra o #499 do mundo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.