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US Open, dia 13: a última vez de Pennetta

Alexandre Cossenza

12/09/2015 19h38

A final entre as italianas Flavia Pennetta e Roberta Vinci pode não ter empolgado tanto enquanto o troféu ainda esteve em jogo. As cenas após o match point, contudo, ilustraram quase tudo do que há de mais bacana no mundo do esporte. Junto à rede, um longo e emocionado abraço entre amigas. Nas cadeiras, antes da cerimônia de premiação, uma conversa bem humorada. E ao fim, com microfone à disposição, o anúncio da aposentadoria de Flavia Pennetta. Não poderia ter sido muito mais emocionante este 13º dia de US Open.

O anúncio

Trinta e três anos de idade, 15 de circuito profissional, mais de US$ 10 milhões acumulados ao longo da carreira. Neste sábado, Flavia Pennetta conquistou seu primeiro Grand Slam e embolsou mais US$ 3,3 milhões. Na cerimônia de premiação, pediu para falar "só mais uma coisa" e disse: "Tomei uma grande decisão na minha vida e é assim que eu gostaria de dar adeus ao tênis."

Vendo a surpresa da entrevistadora, Pennetta ainda disse: "Não precisa ficar assim. Estou muito feliz! É o que todos jogadores pensam em fazer. Aposentar deste jeito, levando esse troféu para casa. Esta foi minha última partida no US Open e não consigo pensar em uma maneira melhor." Mais tarde, na entrevista coletiva, a italiana afirmou que deixará o circuito ao fim do ano. 

O jogo

Taticamente, a partida foi um teste de paciência. Vinci apostou nos slices cruzados, enquanto Pennetta bancou que não se incomodaria com o golpe da adversária e não se afobou. As estratégias se equilibraram. Logo, era questão de ver quem executaria melhor seu plano. Vinci falhou mais no tie-break do primeiro set e pagou um preço caro. O placar deu confiança a Pennetta para manter seu plano de jogo. Na segunda parcial, a algoz de Serena sentiu que precisava fazer algo de diferente. Tentou mais curtinhas, arriscou um pouco mais e também acabou errando um pouco mais. Em pouco tempo, Pennetta abriu 4/0. Vinci ainda devolveu uma quebra, mas o jogo já estava na mão da rival. Em 1h36min, Pennetta fechou o jogo por 7/6(4) e 6/2, atirou a raquete para o alto e correu para abraçar a amiga.

US Open 2015 – Pennetta x Vinci, o abraço

O papo no banco

E que tal a imagem de Roberta Vinci e Flavia Pennetta trocando uma ideia enquanto esperavam a cerimônia de premiação? Vinci até apelou para a toalha para evitar a leitura labial. O que será que rolou naquele papo, hein?

O vídeo afobado

Ao que parece, o pessoal do Eurosport estava apressado para aprontar os vídeos de chamada para a final feminina. O que foi para o ar tinha imagens e nomes de Serena Williams e Flavia Pennetta.

A longa leitura Ainda sobre Serena Williams, o New York Times publicou (igualmente às pressas, imagino) o relato da caminhada da americana no US Open. É de se imaginar que o texto seria publicado após o título, né?

A polêmica de Boris

Depois de algumas semanas com o mundo do tênis exaltando e festejando a nova devolução de Roger Federer (que ganhou o apelido de SABR, ou "sneak attack by Roger", algo como "ataque sorrateiro do Roger"), eis que Boris Becker, atual técnico de Novak Djokovic, surge para criar polêmica, dizendo que o recurso do suíço é quase um desrespeito ao serviço do adversário.

Segundo o alemão, "se ele tivesse enfrentado McEnroe, Connors, Lendl ou mesmo eu, nós teríamos dito 'Roger, eu gosto muito de você, mas na próxima vez, dou (o saque) em cima de você.'" Becker afirma que sua geração não aceitaria a devolução de Federer como vem acontecendo atualmente.

O britânico Greg Rusedski, que hoje trabalha para a Sky Sports, aproveitou e emendou: "Estou meio espantado que a maioria goste tanto dele, o que é compreensível – ele é um grande cara, um grande embaixador -, mas você precisa dizer 'ok, vou encarar você', e isso é uma maneira de fazer frente e assustá-lo. Você vai levar vaias de todo o público, mas é a vida. Você precisa mostrar seu lado competidor."

A dupla campeã

O título de duplas ficou com os franceses Nicolas Mahut e Pierre-Hugues Herbert, que derrotaram Jamie Murray e John Peers por 6/4 e 6/4. O match point foi daqueles lances memoráveis que só vendo para entender.

Os brasileiros

Enquanto o US Open vive seus dias decisivos, acompanhemos alguns brasileiros no circuito mundial. No ITF de Biarritz, torneio no saibro com premiação de US$ 100 mil, Teliana Pereira, cabeça de chave #2, foi eliminada neste sábado, nas semis. A pernambucana caiu diante da suíça Romina Oprandi, #127, por 6/3 e 6/2.

No Challenger de Barranquilla, o mesmo que viu Feijão dar adeus na estreia, Rogerinho está nas semifinais e enfrenta Giovanni Lapentti (aquele!) ainda neste sábado (jogo terminará após a publicação deste post). A outra semi tem o croata Borna Coric, escalado para enfrentar o Brasil em Florianópolis, na Copa Davis, na próxima semana. Ele enfrenta o argentino Juan Ignacio Londero, #348.

Enquanto isso, Ivan Dodig, também escalado para a Copa Davis, avançou neste sábado para a final do Challenger de St. Remy, na França. Ele derrotou o local David Guez por 6/1, 6/7(1) e 6/3. O torneio é disputado em quadra dura.

O que vem por aí no dia 14

A final masculina entre Novak Djokovic e Roger Federer, líder e vice-líder do ranking, respectivamente. Considerando o que os dois jogaram durante todo o torneio, alguma final seria melhor do que essa?

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.