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Saque e Voleio

Wimbledon, dia 10: a surpresa contra a história

Alexandre Cossenza

09/07/2015 16h58

Que Serena Williams estaria na final, quase ninguém duvidaria. Mas Garbiñe Muguruza? Em uma chave que tinha Petra Kvitova, Angelique Kerber, Caroline Wozniacki, Sabine Lisicki e Tima Bacsinszky? A espanhola nunca esteve entre as mais cotadas, mas chegou lá. Nesta quinta-feira, dia das semifinais femininas, Serena voltou a derrotar Maria Sharapova, enquanto Muguruza continuou seu conto de fadas ao eliminar Agnieszka Radwanska. O resumaço do dia conta como foram os dois jogos, mostra melhores momentos, cita uma previsão nada imparcial (mas interessante) e revela uma interessante aposta – literalmente – na espanhola.

O jogo do dia

Serena Williams entrou em quadra nesta quinta carregando uma sequência de 16 vitórias sobre Maria Sharapova. Saiu, 1h19min depois, com o 17º triunfo. Sem ceder um break point sequer, disparando 13 aces e 29 winners.

Sharapova, que teve problemas com o serviço no primeiro set e jamais ameaçou a americana em todo o jogo, esteve longe de seu melhor. É bom dizer, contudo, que a russa já não vinha fazendo um torneio espetacular e talvez nem chegasse tão longe se não tivesse contado com uma chave favorável.

Mas vale ressaltar o último game do jogo. Serena fez uma dupla falta e disparou três aces e um saque indefensável. Nos cinco pontos disputados, a bola sequer tocou nas cordas da raquete de Sharapova.

Os melhores momentos

Melhores momentos: Serena Williams x Maria Sharapova (Wimbledon 2015)

O resumo

Se o vídeo acima não ajudou, o gif abaixo explica de uma maneira mais simples a dinâmica da rivalidade entre Serena e Sharapova.

O Serena Slam e o Grand Slam

A número 1 do mundo segue insistindo em não abordar o assunto e diz que nem quer ser questionada sobre isso. O fato, entretanto, é que Serena soma 27 vitórias seguidas em Slams e está a úm jogo do que vem sendo chamado de "Serena Slam". Campeã do US Open/2014, do Australian Open/2015 e de Roland Garros/2015, a americana terá os quatro maiores títulos do tênis se derrotar Muguruza no sábado.

É um feito gigante, mas seria o segundo "Serena Slam", já que a mais jovem das Williams venceu os quatro em sequência também em 2002-03 (Paris, Londres e NY em 2002 e Melbourne na temporada seguinte). E se alguém tocar o assunto, como aconteceu na transmissão oficial depois da partida de hoje, ela reage assim:

Inédito mesmo será se Serena conquistar o Grand Slam de fato: os quatro torneios na mesma temporada. A última vez que isso aconteceu foi em 1988, com Steffi Graf. Aliás, em toda história apenas Graf, Margaret Court (1970) e Maureen Connolly Brinker (1953) conseguiram isso.

A desafiante

A história feliz do dia ficou por conta da espanhola Garbiñe Muguruza, que deu mais um passo no Slam de seus sonhos. A jovem de 21 anos, nascida em Caracas (Venezuela), já vinha de vitórias maiúsculas sobre Angelique Kerber (#10), Caroline Wozniacki (#5), e Timea Bacsinszky (#15) e fez outro jogão contra Aganieszka Radwanska, atual número 13 do ranking feminino.

Nesta quinta-feira, Muguruza começou o jogo em grande forma, abrindo 6/2 e 3/1. Foi aí que os nervos (ela mesma admitiu) apareceram, e Radwanska, mais experiente, aproveitou. A polonesa venceu seis games seguidos, inclusive o primeiro do terceiro set, no saque da adversária. Só depois dessa reviravolta no placar é que Muguruza se reencontrou. Sem nada a perder, voltou a ser agressiva e a falhar menos. Devolveu a quebra imediatamente e se restabeleceu como a tenista mais agressiva na Quadra Central.

E, depois de tanto drama, uma decisão errada de Radwanska provou-se crucial. Com Muguruza sacando em 5/3 e "iguais", a polonesa interrompeu um ponto para pedir o uso Hawk-Eye, acreditando que a bola da espanhola havia saído. Muguruza, que não viu o gesto da polonesa, continuou jogando e errou a bola seguinte – que já não valia. O replay mostrou bola dentro, ou seja, ponto da espanhola, que chegou ao match point. Um saque-e-voleio depois, a moça de 21 anos estava comemorando sua vaga na final de Wimbledon: 6/2, 3/6 e 6/3

A melhor final

Que fique registrado: é admirável a maneira como Muguruza já está encarando a chance de enfrentar Serena Williams na final.

"Acho que é a melhor final que se pode jogar. Serena na final de Wimbledon é a partida mais dura possível. Se você quer ganhar um Grand Slam, quando você sonha, você diz 'quero Serena na final' porque ela é uma das melhores tenistas em todos esses anos. Acho que é o melhor desafio que se pode ter."

A previsão

Pouco depois de ser eliminada do torneio, Radwanska foi indagada sobre as chances de Muguruza ser campeã de Wimbledon. A resposta foi interessante:

"Não acho que ela consegue bater Serena na final. Acho que Serena não vai deixar, não neste torneio (risos). Mas desejo sorte a ela. Vai ser difícil. Se ela conseguir, muito respeito."

São situações (e lugares) bem diferentes, claro, mas não custa lembrar que Muguruza já derrotou Serena em um Grand Slam. Foi em Roland Garros, no ano passado. E este ano, na Austrália, a espanhola não esteve tão longe assim de conseguir uma segunda vitória.

O torcedor

E esse cidadão aqui, será que tem motivo para torcer por Muguruza no sábado?

Em cada uma de suas duas apostas, o rapaz "investiu" três euros na espanhola. Se ela vencer, ele embolsa 675 euros. Boa sorte!

O ranking

O top 5 feminino depois de Wimbledon ficará assim:

1. Serena Williams
2. Maria Sharapova
3. Simona Halep
4. Caroline Wozniacki
5. Petra Kvitova

Agnieszka Radwanska, atual número 13 do mundo, voltará ao top 10. A polonesa será número 7 se Serena for campeã ou número 8 se Muguruza ficar com o título. A espanhola, por sua vez, ocupará a melhor posição de sua carreira. Ela já está garantida como pelo menos #9. Se for campeã, subirá para #6.

O adeus brasileiro

A última chance brasileira em Wimbledon era nas duplas mistas, com Bruno Soares e a indiana Sania Mirza. Os cabeças 2 começaram bem, mas foram eliminados de virada: 3/6, 7/6(6) e 9/7. Os algozes foram o austríaco Alexander Peya, parceiro de Soares no circuito, e a húngara Timea Babos. cabeças de chave número 5, Peya e Babos avançam, assim, às semifinais do torneio.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.