Topo

Saque e Voleio

Wimbledon, dia 1: bicicletas, desafio cegueta e um emocionante adeus

Alexandre Cossenza

29/06/2015 17h19

Favoritaços como Novak Djokovic e Serena Williams venceram seu sustos, mas o primeiro dia de Wimbledon teve lá sua emoção – e não é toda rodada inicial de Slam que tem tanta coisa boa. O All England Club viu algumas zebras, um par de favoritos escapando por pouco, duas bicicletas (coisa rara!) e o emocionante adeus de um campeão e ex-número 1 do mundo. Vamos conferir tudo isso?

Os precoces

Na chave masculina, o lituano Ricardas Berankis foi o primeiro a avançar. Ele Ganhava por 6/2 e 5/2 quando o austríaco Andreas Haider-Maurer desistiu. Entre as mulheres, a primeira vitória foi de Victoria Azarenka. A ex-número 1 do mundo fez 6/2 e 6/1 sobre a estoniana Annet Kontaveit. Mais do que o resultado (ou o placar), a atuação serve para tranquilizar os fãs da bielorrussa, que vinha se queixando de dores no pé esquerdo – o mesmo que lhe deixou fora do circuito por algum tempo no ano passado.

Kyrgios, que entrou em quadra com uma manga comprida no braço esquerdo (como Raonic), foi o primeiro a aplicar um pneu. Precisou só de 17 minutos para fazer 6/0 num assustado (e limitado) Diego Schwartzman. O jovem australiano, que também desafiou o bom gosto ao adotar uma mecha loira no cabelo, acabou vencendo por 6/0, 6/2 e 7/6(6), mas o que parecia ser uma partida descomplicada e descontraída (ele até deu uma bolada sem querer num juiz de linha, como no vídeo abaixo) só terminou de uma longa discussão com o árbitro de cadeira.

Os cabeças número 1

A história não foi muito diferente para os principais pré-classificados. A previsão de que seria uma estreia complicada para Novak Djokovic se confirmou. O alemão Philipp Kohlschreiber fez uma boa partida contra o número 1 do mundo, mas sucumbiu por triplo 6/4, com todas as quebras vindo no décimo game. Sim, dá para dizer que foi um jogo "complicado" para Nole porque primeiras rodadas de Grand Slam para os favoritos não costumam ser muito mais difíceis do que isso. E Kohlschreiber fez o que costuma fazer contra Djokovic, Federer e Nadal. Belos games e quebras de saque, mas erros não forçados e duplas faltas em momentos decisivos.

Serena Williams, por sua vez, começou mal e viu a desconhecida qualifier Margarita Gasparyan, número 113 do mundo, abrir 3/1 com dois break points. A americana até sofreu um tombo na grama da Quadra 1.

Serena fez aquela cara de choro que ela gosta de fazer quando as coisas não dão certo, mas conseguiu virar o set. Gasparyan, enfim, cometeu erros no 4/5, perdeu o saque e viu Serena fechar o set. Depois disso, Serena deslanchou, fez 6/1 e avançou sem (mais) drama.

O adeus de um campeão

Um dos momentos mais emocionantes do dia foi o adeus de Lleyton Hewitt. O australiano de 34 anos, campeão de Wimbledon em 2002 e número 1 do mundo por 80 semanas, já tinha avisado que faria sua última participação no Grand Slam da grama. Curiosamente, Rusty teve de estrear contra Jarkko Nieminen, que também fazia sua despedida do torneio. O finlandês de 33 anos levou a melhor em uma partida dramática e memorável: 3/6, 6/3, 4/6, 6/0 e 11/9. No fim, Hewitt teve o reconhecimento do público, que o aplaudiu de pé por um bom tempo. Vale ver o momento no vídeo abaixo (amanhã escrevo mais sobre o aussie).

Andy Roddick, outro ex-número 1 do mundo e que enfrentou Hewitt 14 vezes na carreira (sete vitórias para cada), mostrou seu respeito via Twitter.

As bicicletas

A grama de Wimbledon ajuda tanto os saques que bicicletas (6/0 e 6/0) são coisa rara. Pois nesta segunda-feira aconteceram duas. A primeira, com Venus Williams, que atropelou a compatriota Madison Brengle. Venus, aliás, está em rota de colisão com a irmã, Serena. As duas podem se encontrar nas oitavas de final, o que significaria um duelo com dez títulos de Wimbledon na quadra (cada irmã venceu o torneio cinco vezes). A segunda bicicleta foi cortesia da alemã Andrea Petkovic , que derrotou a lesionada Shelby Rogers.

O brasileiro

João Souza, o Feijão, só teve chances diante do colombiano Santiago Giraldo no primeiro set. Giraldo, entretanto, esteve sempre à frente no placar e aplicou 6/4,6/3 e 6/2. Assim, Thomaz Bellucci passa a ser o único representante do Brasil na chave de simples. E ele enfrenta Rafael Nadal nesta terça. Será?

As cabeças que rolaram

A primeira cabeça de chave a cair foi Flavia Pennetta. Pré-classificada número 24, a italiana tombou diante da cazaque Zarina Diyas, 34ª do ranking, que fez 6/3, 2/6 e 6/4. Embora seja a queda de uma cabeça de chave, o resultado não parece ser daqueles com grande repercussão na chave. Pennetta, afinal, não estava cotada para ir muito longe. Ele enfrentaria, em tese, Andrea Petkovic na terceira rodada e, se avançasse, encararia possivelmente Maria Sharapova nas oitavas.

O resultado mais espantoso, contudo, foi a queda de Carla Suárez Navarro, número 9 do mundo. A espanhola venceu apenas dois games contra a jovem Jelena Ostapenko, de 18 anos: 6/2 e 6/0. Foi o primeiro jogo de Ostapenko em uma chave principal de Grand Slam – na carreira! A letã, que foi campeã juvenil de Wimbledon no ano passado, agora enfrenta a francesa Kristina Mladenovic, que também atropelou: 6/2 e 6/1 sobre a romena Alexandra Dulgheru.

Sobre Suárez Navarro, a eliminação é daquelas que espanta, mas promete poucas alterações no que todos previam. Apesar do status de top 10, a espanhola não estava entre as mais cotadas para ir longe. Mladenovic e Azarenka, sim, sempre foram os nomes mais populares neste grupo que define uma das tenistas nas oitavas de final.

Na chave masculina, o único cabeça a dar adeus foi Tommy Robredo. O espanhol foi rapidamente eliminado pelo qualifier australiano John Millman. O número 120 do mundo aplicou 6/2, 6/3 e 6/4 e ganhou o direito de enfrentar Marcos Baghdatis na segunda rodada. É justo dizer que tanto Millman quanto Baghdatis estão felizes com isso.

Os sustos

A maioria dos favoritos avançou sem drama na chave masculina, mas Kei Nishikori, que ainda se recupera de uma lesão na perna esquerda. Embora não tenha admitido que as dores incomodaram, o japonês sofreu para passar por Simone Bolelli. A vitória só veio depois de mais de 3h de jogo, por 6/3, 6/7(4), 6/2, 3/6 e 6/3.

A grande "fuga" do dia, contudo, foi protagonizada por Lucie Safarova. A tcheca, número 6 do mundo e vice-campeã de Wimbledon, esteve a três pontos da eliminação, mas escapou. Sua rival, a americana Alison Riske, sacou para o jogo no décimo game do segundo set, mas não conseguiu fechar. Safarova conseguiu forçar o terceiro set e contou com problemas físicos da adversária para sair vencedora por 3/6, 7/5 e 6/3.

Os favoritos tranquilos

A lista de candidatos ao título que venceram com facilidade é longa. A começar por Stan Wawrinka, quefez 6/2, 7/5 e 7/6(3) em cima do português João Sousa. Milos Raonic até perdeu um set, mas sua vitória unca esteve ameaçada. O canadense saiu de quadra com triunfo por 6/2, 6/3, 3/6 e 7/6(4) sobre o espanhol Daniel Gimeno-Traver. Entre as mulheres, Maria Sharapova perdeu apenas quatro games (6/2 e 6/2) no duelo com a britânica Johanna Konta, e Ana Ivanovic também atropelou. Só que sérvia acabou honrada com o "prêmio" diário abaixo.

A cegueta do dia

O prêmio de pior desafio pedido vai para Ana Ivanovic, que venceu por duplo 6/1, mas protagonizou esse momento de cegueira momentânea na partida contra a chinesa Yi-Fan Xu. Dá só uma olhada…

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.