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Saque e Voleio

Descanso de quem pensa "grande"

Alexandre Cossenza

01/05/2015 15h03

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Novak Djokovic confirmou, nesta quarta-feira, o que a imprensa espanhola noticiava há dois dias: o sérvio não disputará o Masters 1.000 de Madri. Líder do ranking com folga e podendo se dar ao luxo de disputar um Masters a menos sem sofrer punição financeira, ele descansará no período.

Embora o anúncio oficial não traga uma justificativa, o principal motivo do número 1 do mundo parece simples: evitar o excesso de jogos. É fácil de entender. Caso optasse por atuar em Madri, Nole poderia fazer dez partidas em duas semanas. Nem é tão difícil assim, no atual e brilhante momento de seu tênis, imaginá-lo indo longe nos dois torneios. Logo, fez a escolha por atuar só em Roma, um torneio que oferece condições de jogo mais parecidas com as de Roland Garros.

E é em Paris que Djokovic precisa – negrito, sublinhado e itálico em "precisa", por favor – estar voando. O Grand Slam do saibro, único dos grandes troféus que ainda falta em sua prateleira, tornou-se o objetivo supremo depois de seguidas e doídas derrotas para Rafael Nadal (nas finais em 2012 e 2014, e numa semi dramática e fantástica em 2013).

Madri, vale apontar, tornou-se uma espécie de patinho feio do circuito para os bons tenistas de saibro. Quem joga bem em Monte Carlo e Barcelona vê o evento da capital espanhola como um passo atrás na preparação rumo a Roland Garros. Consequência do calendário organizado quando a ATP decretou que os Masters seriam uma espécie de circuito preparatório para os Slams (Roland Garros e US Open, principalmente).

A partir dali, os jogadores começaram a pedir condições de jogo parecidas, bolas iguais, redes com tensão similar e por aí em diante. O circuito se homogeneizou. As zebras diminuíram. O Masters de Madri, jogado em certa altitude e em quadras temporárias, mostra-se bem distante de Roland Garros. A ATP ainda atrasou o evento no calendário (era o último Masters antes do Slam francês) e extinguiu o saibro azul, mas os jogadores ainda torcem o nariz para a capital espanhola.

A ausência do líder deve mudar pouco o ranking. Lesionado e ausente de Madri em 2014, Djokovic não tem pontos a defender este ano. Até por isso, é pouco provável que sua enorme vantagem para Roger Federer (5.460 pontos) sofra um baque considerável. E o suíço, que não jogou em Madri no ano passado e será cabeça de chave 1 em 2015, está em Istambul e ainda não confirmou presença em Roma. Caso vá à Itália, jogará três semanas consecutivas. Será?

Por enquanto, o único risco real que Djokovic parece correr ao não ir a Madri é ver Nadal ser campeão adquirindo ritmo e confiança. Convenhamos, entretanto, que o tênis mostrado por Nadal desde o início do ano faz com que esse cenário não pareça tão provável assim. Logo, parece um risco calculado para o número 1 do mundo – que está pensando "grande".

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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