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Saque e Voleio

Liberaram a torcida

Alexandre Cossenza

17/04/2015 10h29

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O número de fãs de tênis vinha caindo na Conferência BIG 12, uma das maiores do esporte universitário nos Estados Unidos. Em um ambiente onde os fãs – em sua maioria, alunos – gostam de ir aos estádios tanto pelos jogos quanto pela farra, as regras de comportamento fazem do tênis uma modalidade pouco atraente. Ou melhor, faziam. A Big 12 resolveu abolir as regras tradicionais e estabeleceu que os fãs de tênis podem se comportar como em qualquer outro esporte.

O que aconteceu? Uns gritando na hora exata em que um atleta executa seu golpe, outros provocando um tenista que recebe instruções do técnico, uma torcida organizada, enfim… Uma bagunça só, bem do jeito que esse público gosta. O "Wall Street Journal" fez uma reportagem bem interessante sobre a novidade. Leia aqui e veja no vídeo abaixo.

A preocupação da Big 12 com a queda de interesse no esporte é justificada. Cerca de 600 universidades encerraram suas atividades com o tênis desde os anos 70. E não foi só a torcida liberada que mudou. Hoje em dia, há sessões com pizza de graça e prêmios diversos.

Quanto ao barulho vindo das arquibancadas, nem todo mundo gostou. John Roddick, irmão de Andy e técnico de Oklahoma, não está entre os maiores fãs. Ele ressalta, ainda, a importância de proibir que os fãs gritem coisas do tipo "OUT" quando uma bola vai perto da linha.

Não imagino que algo parecido aconteça num futuro próximo (ou nem tão próximo assim) no tênis profissional, mas a intenção da Big 12 é das melhores: levar mais gente aos jogos de tênis. Provavelmente, o tênis nunca vai chegar aos níveis de popularidade do futebol americano ou do basquete universitário (a foto do início do post é do Final Four), mas e daí? Com mais gente assistindo às partidas, é mais fácil conseguir dinheiro para financiar bolsas de estudo e os programas de tênis nas universidades da conferência. E todo mundo sai ganhando.

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No Brasil, só com iniciativa privada

O país, todo mundo sabe, não tem uma política de esporte escolar, muito menos um trabalho sério para estimular competições e encontrar talentos no âmbito universitário. No tênis, as competições universitárias se resumem ao Circuito de Tênis Escolar Universitário, uma iniciativa do Banco Itaú que, ironicamente, vem sendo combatida pela Confederação Brasileira de Tênis há alguns anos.

A entidade, inclusive, já ameaçou punir clubes, árbitros, treinadores e atletas que participassem do Circuito de Tênis Escolar Universitário, patrocinado pelo Itaú e realizado pelo Instituto Sports, presidido por Danilo Marcelino, parceiro de Nelson Aerts, com quem Lacerda tem diferenças. Uma disputa pessoal que segue atrapalhando o tênis.

O Circuito de Tênis Escolar Universitário, apresentado pelo Itaú por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, é uma série de torneios em quatro estados (RS, SP, PR e BA), em quatro categorias de idade, que premia os campeões com uma viagem de duas semanas a Barcelona – com tudo pago – em julho para treinar na Academia Sánchez-Casal, estudar um idioma (espanhol ou inglês) e fazer turismo.

A grande vantagem é que para participar basta estar matriculado em uma escola da rede pública ou particular. Ou seja: não é necessário ser federado nem pagar anuidade (isso, talvez, incomode quem gostaria de faturar com as inscrições mesmo sem tomar iniciativa alguma para estimular a modalidade). As inscrições são feitas no próprio site do circuito (atenção para as datas: algumas categorias têm prazo terminando na segunda-feira).

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.