Topo

Saque e Voleio

Um sorteio "épico" e "histórico"

Alexandre Cossenza

15/02/2015 07h27

Bellucci_Teliana_RJ_sorteio_div_blog

Quem acompanha o Saque e Voleio (aqui, no Twitter e no Facebook) sabe o quanto eu brinco com o uso exagerado que a imprensa faz de adjetivos como "épico", "histórico" e similares. Mas a curiosa sequência de eventos durante o sorteio da chave do Rio Open, neste sábado, vale a brincadeira. Em uma combinação das mais improváveis, Thomaz Bellucci e Teliana Pereira, brasileiros mais bem ranqueados, estrearão na Cidade Maravilhosa contra os respectivos cabeças de chave: Rafael Nadal e Sara Errani. Abaixo, faço um breve relato de como foi meu primeiro dia no torneio carioca.

– David Ferrer também deu uma entrevista coletiva. Foi curtinha, mas só porque ele dá respostas bastante objetivas. O que não quer dizer que ele seja mal educado. Pelo contrário. Ferrer domina a rara arte de ser breve sem parecer estar de má vontade em um lugar. Ele esteve aqui no ano passado, mas voltou a ressaltar o calor, dizendo que não se lembrava de o quão quente é a Cidade Maravilhosa nesta época do ano. Ferrer disse ainda que jogar no Rio é muito mais difícil (fisicamente falando) do que em Melbourne. Aqui, a combinação de umidade e calor é assustadora.

– Sara Errani chegou, deu entrevista em espanhol (fluente) e se mostrou contente com o que viu. A destacar de seu bate-papo apenas uma crítica à regra da WTA que proíbe as top 10 de jogarem mais do que dois (três a partir de 2015) torneios pequenos – aqueles da série International, como o Rio Open, equivalentes aos ATPs 250. Vale lembrar que a chave masculina do evento carioca é da série 500, com premiação bem maior do que a chave feminina. Na prática, são dois torneios diferentes acontecendo no mesmo lugar, sob um só nome. Mas eu divago. Errani se queixa porque enquanto esteve no top 10 não pôde jogar todos torneios que queria no saibro (seu piso preferido). E isso inclui o Rio Open.

– Sobre o qualifying, os placares refletem a indigesta realidade: o Rio Open (ATP 500 e WTA International) é muito mais forte do que os eventos que a maioria dos tenistas brasileiros está acostumada a disputar. Em nove jogos, só uma vitória – Fabiano de Paula sobre Facundo Bagnis. Mas vale lembrar que Christian Lindell, carioca que defende a Suécia, também triunfou. Ele e Fabiano ainda precisam de mais um triunfo (de cada) para chegarem à chave principal.

Sorteio_RJ_agif_blog

– Ainda sobre o qualifying, uma informação interessante e curiosa: Orlando Luz, o Orlandinho, recebeu um convite para o torneio classificatório, mas não aceitou. Queria jogar a chave principal. Talvez não seja necessário explicar, mas vale a ressalva de qualquer modo. Quando se escreve "o tenista aceitou ou não aceitou um wild card", fala-se de uma decisão tomada em conjunto com sua equipe. Mas você não vai ler por aí "Federer e seu empresário aceitam convite para jogar em Aratu" (nada contra Aratu!).

– A estrutura de apoio do Rio Open está diferente este ano, mas aparentemente melhor do que a de 2014. Há uma grande loja da Asics, mais estandes interativos, mais opções de alimentação e, mais importante do que tudo já citado, mais ventiladores. Os preços não são dos mais agradáveis, mas também não são mais altos do que aquele padrão de eventos que todo mundo conhece bem.

– Tive uma ótima conversa – que eu gosto de chamar de entrevistão anual – com Bruno Soares. Falamos sobre o momento de sua parceria com Alexander Peya e sobre seu valor como tenista cheio de patrocinadores. O resultado vai estar em breve aqui no blog.

– No sorteio das chaves, realizado no Shopping Leblon, com participação do público, Teliana Pereira foi o primeiro nome sorteado entre as não-pré-classificadas. A número 1 do Brasil vai encarar justamente Sara Errani, que é a principal cabeça de chave. A jornalista do SporTV que tirou a fichinha de Teliana de dentro de uma sacola de compras do shopping ficou sem graça e pediu desculpas. Teliana respondeu com um sorriso. Após a cerimônia, a brasileira disse que será "uma grande oportunidade."

– Menos de cinco minutos depois, aconteceu o mesmo com Thomaz Bellucci. Primeiro nome sorteado, o paulista vai estrear contra Rafael Nadal. A enorme coincidência deixou até o mestre de cerimônias incrédulo, achando tratar-se de uma brincadeira. Não era. Bellucci também sorriu, meio sem graça, e depois disse que imaginava enfrentar Rafael Nadal mais adiante no torneio. O paulista afirmou também que a primeira rodada é, geralmente, uma chance melhor de surpreender os favoritos. Não deixa de ser verdade.

– Feijão e Guilherme Clezar deram sorte. Ambos estreiam contra adversários que vão sair do qualifying. A chave completa está aqui.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.