Topo

Saque e Voleio

Bellucci, Quito e o copo

Alexandre Cossenza

08/02/2015 11h46

Bellucci_sf_Quito_div_blog

Uma semifinal de ATP 250 é um ótimo resultado. São 90 pontos na conta. Nas últimas 52 semanas, Thomaz Bellucci só conseguiu mais do que isso em Valência, onde furou o quali e alcançou as quartas, somando 110 pontos  em um ATP 500. Aliás, na carreira inteira, o paulista de 27 anos só fez mais de 90 pontos em oito torneios. Só foi além das semifinais cinco vezes. Logo, na matemática, o número 1 do Brasil fez uma ótima campanha no ATP 250 de Quito, no Equador.

Essa foi a visão "copo-metade-cheio" sobre a última semana de Thomaz Bellucci. Só que como em quase tudo na vida, há um "copo-metade-vazio". Porque o paulista não mostrou tênis consistente em nenhum momento da semana, escapou por milagre de uma decepcionante eliminação nas oitavas (obrigado a Horacio Zeballos por tentar um saque-e-voleio no segundo serviço quando tinha match point) e acabou superado por um veterano de 34 anos que nunca havia alcançado uma final de torneio ATP.

E isso tudo aconteceu no saibro e na altitude de Quito (2.800 metros acima do nível do mar), condições que favorecem muito o tênis de Bellucci. Não é por acaso que o paulista conquistou seus três títulos de ATP em Gstaad (2009 e 2012 – 1.050m) e Santiago (2010 – 521m). Tivesse passado pelo dominicano Victor Estrella Burgos, o brasileiro enfrentaria Feliciano López, que seria seu único adversário de ranking superior em Quito.

Logo, há motivo para comemorar os 90 pontos conquistados pelo número 1 do Brasil (que vai subir cerca de dez postos no ranking, entrando na casa dos 70 melhores do mundo), mas também há que se lamentar o desperdício de uma ótima chance de ir mais longe e levantar um troféu. É difícil encontrar no histórico de Bellucci um ATP 250 com chave mais acessível (leia-se, sem eufemismo, "fácil"). Tudo depende de que copo está na sua mão…

Coisas que eu acho que acho:

– O copo de João Zwetsch, velho-novo técnico de Thomaz Bellucci aparentemente está meio cheio.

– Curiosamente, Feijão tornou-se o primeiro brasileiro a alcançar uma final de ATP nesta temporada. João Souza foi à decisão de duplas em Quito, onde jogou ao lado de Estrella Burgos. Brasileiro e dominicano perderam o título para Gero Kretschmer e Alexander Satschko por 7/5 e 7/6(3). Não parece justo superanalisar este resultado. Acredito que diz muito pouco sobre a possibilidade de Feijão obter uma sequência de bons resultados na modalidade. A chave de duplas de Quito, ainda mais do que a de simples, estava muito fraca.

– A última semana também teve o Zonal americano da Fed Cup. O Brasil, que entrou como favorito, acabou sendo derrotado pelo Paraguai na final. Depois de bater o Chile por 3 a 0 e a Colômbia por 2 a 1, o time da capitã Carla Tiene sucumbiu de virada. Paula Gonçalves abriu a série derrotando Montserrat González por 6/0 e 6/3; na sequência, Bia Haddad foi superara por Veronica Cepede Royg por 6/4 e 7/6(4); e a decisão, nas duplas, teve vitória de González e Cepede Royg sobre Paula Gonçalves e Teliana Pereira por duplo 6/3.

– Segundo um dos comunicados enviados pela CBT, Teliana sentiu dores no cotovelo e foi poupada de toda a competição. Só entrou em quadra no desespero, na última hora, para a partida de duplas. Não funcionou. Não vi os jogos (o SporTV, detentor dos direitos, não exibiu o Zonal, como de costume) nem sei por que a dupla de Bia Haddad e Gabriela Cé abandonou a partida contra a Colômbia (o comunicado da CBT não explica). Logo, não dá para saber todas as circunstâncias da escalação de Teliana na última partida.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.