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Saque e Voleio

Melhor em tudo

Alexandre Cossenza

01/02/2015 12h59

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São 19 títulos de Grand Slam e 19 troféus a mais do qualquer outra tenista em atividade (65 no total). Serena Williams, 33 anos e possivelmente na melhor forma de sua carreira, sobra desse jeito no circuito mundial atualmente. Ao derrotar Maria Sharapova por 6/3 e 7/6(5) neste sábado, a americana completou mais duas semanas brilhantes. Perdeu apenas dois sets (para Svitolina e Muguruza) e foi impecável nas fases decisivas.

Não foi a chave mais desafiadora do mundo para Serena, é bom lembrar. Mas também é preciso ressaltar que o título veio com (mais) uma vitória sobre a número 2 do mundo, Maria Sharapova. E não foi uma atuação ruim da russa, não. Sharapova esteve muito bem do começo ao fim da partida. Atacou o quanto pôde, salvou match point com coragem e só não venceu porque Serena é consistentemente melhor do que ela.

Com o triunfo do sábado, já são 16 vitórias seguidas (17 a 2 no histórico de confrontos) da americana. Há algumas pequenas explicações para esse abismo entre duas tenistas tão vencedoras. A mais simples dela é que Serena é uma tenista mais completa do que Sharapova. Só que o mundo do tênis já viu tenistas mais completos perderem com mais frequência de rivais com menos recursos.

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O melhor exemplo é a rivalidade entre Roger Federer e Rafael Nadal. O suíço sempre teve mais recursos, mas o espanhol, desde muito antes de alcançar o topo do ranking, já somava vitórias sobre o então número 1 do mundo. Fazia uma diferença muito grande Nadal ter um golpe (seu forehand cruzado com spin) que incomodava Federer em seu ponto menos forte (o backhand). Quando o espanhol conseguia encaixar uma sequência de bolas cruzadas, levava enorme vantagem.

A diferença é que Sharapova tem muitas qualidades, mas nenhuma delas é capaz de lhe dar vantagem contra Serena. Ela saca muito bem, mas a americana tem uma devolução fantástica; consegue ótimas devoluções, mas não o bastante para os espetaculares serviços de Serena; e ataca com potência do fundo de quadra, mas a número 1 é ainda melhor lá de trás. Sharapova até melhorou muito sua movimentação lateral e sua capacidade defensiva, mas Serena ainda costuma levar vantagem quando os pontos entram na correria.

E aí acabam os recursos da atual vice-líder do ranking. Sharapova não tem um slice afiado, não dá curtinhas com a consistência necessária e não é tão eficiente quando sobe à rede. Seu estilo de jogo preferido é também o preferido da maior rival, que é um pouco melhor em todos fundamentos. Não tem saída a não ser fazer uma partida espetacular e torcer para um dia ruim de Serena – combinação que não acontece desde 2004. Por enquanto, Serena é melhor em tudo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.