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Saque e Voleio

A volta de Venus e as quartas femininas

Alexandre Cossenza

26/01/2015 18h29

Serena Williams, Maria Sharapova e Simona Halep seguem firmes e fortes no Australian Open. As três principais cabeças de chave mais Eugenie Bouchard formam o grupo das quatro favoritas que confirmaram seu status até as quartas de final. A outra metade das oito inclui a atual vice-campeã, Dominika Cibulkova, a "estreante" Madison Keys, a russa Ekaterina Makarova e uma velha conhecida, agora de volta às quartas: Venus Williams. É hora, então, de avaliar o que vem pela frente na chave feminina.

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[1] Serena Williams x Dominika Cibulkova [11]

Maior e eterna favorita a qualquer coisa em qualquer galáxia que fabrique raquetes, Serena Williams foi finalmente testada nas oitavas, quando, mesmo não jogando mal, foi dominada por Garbiñe Muguruza no primeiro set. A número 1 do mundo, porém, elevou seu nível ao mesmo tempo em que a espanhola não conseguiu manter-se agressiva e precisa como antes. Uma boa prova de que Serena chega forte e, claro, favorita nas quartas. O retrospecto contra Cibulkova não atrapalha: quatro vitórias em quatro jogos, com apenas um set perdido. Não é por acaso que as casas de apostas pagam tão pouco (1:6 no caso da bet365).

Cibulkova, atual vice-campeã, do Australian Open, é a maior surpresa (para mim) deste grupo. Viveu um fim de ano nada animador em 2014 e abriu 2015 com uma vitória em três jogos. Em Melbourne, estreou contra a nada boba Kirsten Flipkens, que venceu o primeiro set. Quem achou (eu inclusive!) que a eslovaca ficaria pelo caminho bem cedo errou feio, errou rude. Ela não só virou o placar contra Flipkens como derrubou Pironkova e Cornet na sequência.

Seu maior momento, entretanto, veio nas oitavas, contra Victoria Azarenka. Vika já se colocava entre as favoritas após, superar, em sequência, Sloane Stephens e Caroline Wozniacki. Mas a bielorrussa não conseguiu se impor diante de Cibulkova. A diminuta Domi agrediu o tempo inteiro. Pressionou o saque de Azarenka e foi recompensada. Agora, nas quartas, chega confiante e, como ela mesma já afirmou em entrevistas, com a sensação de que Melbourne lhe faz muito bem – um elemento perigosíssimo para a campanha de Serena.

Madison Keys x Venus Williams [18]

Um confronto difícil de prever no começo do torneio. Keys, a menina que confirmou presença no Rio Open e depois mudou de ideia, jamais tinha ido tão longe num Slam, mas aproveitou a inconstância de Petra Kvitova e o buraco deixado na chave por Sam Stosur e Andrea Petkovic. No caminho contra Tsurenko, Dellacqua, Kvitova e Brengle, não perdeu um set sequer.

Venus não alcançava as quartas de um Slam desde 2010 (de 2011 até hoje, vem lutando contra a síndrome de Sjogren), mas mostra melhores condições físicas desde o segundo semestre do ano passado. Depois que a chave foi sorteada, não parecia nada improvável uma boa campanha da ex-número 1. Logo, sua chegada às quartas é uma zebra bem menor do que seu vestido nos leva a crer. E a vaga veio com vitórias sobre Torro-Flor, Davis, Giorgi e Radwanska. Nada mau.

As casas de apostas colocam Venus como favorita (4:7 contra 11:8 de Keys na bet365), mas tudo depende de como a veterana de 34 anos estará fisicamente. Keys precisa esticar as trocas de bola e deslocar a adversária. Não é fácil, mas não seria uma surpresa gigante se acontecesse.

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[10] Ekaterina Makarova x Simona Halep [3]

Makarova fez o básico e o fez muito bem. Semifinalista do último US Open, a russa de 26 anos vem atingindo uma maturidade em seu jogo e administrando melhor as inconstâncias – que, vez por outra, ainda se manifestam em momentos nada agradáveis. Até agora, contudo, Katia não perdeu sets numa chave em que enfrentou Mestach, Vinci, Karolina Pliskova e Goerges. Aliás, perdeu só 23 games desde o início do torneio.

Em números, Makarova é melhor até do que Simona Halep, que cedeu 24 games e tampouco perdeu sets contra Knapp, Gajdosova, Mattek-Sands e Wickmayer. E mais do que isso: a romena só perdeu um set no ano e acumula nove vitórias consecutivas, pois foi campeã em Shenzhen antes de ir a Melbourne.

A consistência de golpes e o equilíbrio emocional pesam bastante a favor de Halep, que é favorita aqui. Makarova, contudo, tem o tipo de jogo que pode, quando tudo dá certo, derrubar qualquer adversária. Por enquanto, no papel, um triunfo russo não parece lá muito provável.

[7] Eugenie Bouchard x Maria Sharapova [2]

Bouchard avançou sem sustos, a não ser por um soluço autoinduzido (e rapidamente automedicado) no segundo set contra Irina-Camelia Begu, nas oitavas. A canadense de 20 anos agora tentará manter uma escrita: jamais perdeu nas quartas de final de um Grand Slam. Em seus três desafios anteriores, derrotou Kerber, Suárez Navarro e Ivanovic. O obstáculo, desta vez, promete é  bem mais espinhoso e mais alto (literalmente), além de oferecer um tabu próprio.

Maria Sharapova venceu as três partidas que fez contra Bouchard. Uma em Miami, quando Bouchard nem era top 100 ainda, e duas em Roland Garros, onde a tenista russa obteve seus melhores resultados em Grand Slams nas últimas três temporadas. De certo modo, é de se esperar que Melbourne seja uma espécie de "campo neutro", ainda mais com o Genie Army preparado para atazanar a atual número 2 do ranking mundial.

Nas cotações, Sharapova é favorita – como deve ser. Histórico, momento (oito vitórias seguidas) e experiência pesam a favor. Mas, com o tênis jogado por ambas recentemente, me parece ser um daqueles confrontos em que "ganha quem estiver melhor no dia" – uma frase carregada de minúcias e bem menos óbvia do que parece.

Coisa que eu acho que acho:

– Meus palpites para os jogos são Serena, Keys, Halep e Sharapova. Torço por Serena, Venus, Makarova e … pouco me importa esse Genie x Maria.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.