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O gatilho salarial de uma ATP "holística"

Alexandre Cossenza

09/01/2015 10h05

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Demorou, mas veio. E não é muito, mas é alguma coisa. Depois de anunciar um aumento na premiação dos Masters 1.000 e ATPs 250 e depois também de ver a ITF planejar mais dinheiro nos Futures e torneios torneios "de entrada" no circuito, a ATP finalmente garantiu um pagamento melhor nos torneios mais básicos da série Challenger. Até 2017, todos Challengers de premiação mínima (atualmente, US$ 40 mil mais hospedagem) ganharão reajuste de US$ 10 mil e subirão para US$ 50 mil, com hospedagem incluída a todos jogadores da chave principal.

Como os torneios terão dois anos para fazer o ajuste na premiação, a ATP também prometeu compensar de seu próprio bolso, já a partir de 2015, a diferença. Ou seja, os torneios que teriam premiação de US$ 40 mil passarão a pagar US$ 50 mil, com esses US$ 10 mil a mais saindo diretamente dos cofres da entidade.

No comunicado de anúncio, a ATP se orgulha de estar garantindo um aumento de 100% em um período de dez anos. Em 2007, a premiação mínima era de US$ 25 mil. Em 2017, será de US$ 50 mil. Considerando a inflação acumulada e o aumento em certos gastos, a medida me parece mais um gatilho salarial (obrigado, Plano Cruzado) do que um bônus no poder de compra dos atletas.

Ainda assim, o anúncio mostra um certo interesse da ATP com a base do tênis mundial, o que é sempre bom. Até porque o comunicado diz ainda que a entidade está de olho em "calendário, serviços médicos e desenvolvimento de jogadores" e vai fornecer árbitros, fisioterapeutas e equipes de relacionamento de jogadores adicionais a um número de torneios.

"Precisamos ter os Challengers certos nas semanas certas, reduzindo os gastos com viagens e melhorando serviços médicos, educação, arbitragem e marketing nesses eventos. Estamos adotando uma postura holística porque buscamos fazer com que o tempo gasto pelos jogadores no nível Challenger seja mais sustentável", disse o chefão da ATP, Chris Kermode.

No discurso, é bonito – e eu "adoro" quando um chefão corporativo usa "holístico" num discurso. Resta ver se os tenistas vão ver, na prática, essas melhorias todas. Fiquemos de olho.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.