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Saque e Voleio

Um Rio Open melhor e mais caro

Alexandre Cossenza

03/12/2014 17h55

O Rio Open 2015 foi lançado nesta quarta-feira com muita pompa. Globais no palco, os melhores tenistas do Brasil disponíveis para entrevistas e meia dúzia de patrocinadores (numa longa introdução) dizendo de seis maneiras diferentes como é importante a parceria com o evento, que continuará com sede no Jockey Club Brasileiro. Na parte prática, a que interessa para o fã de tênis, nenhum nome de peso foi anunciado (Rafael Nadal já está confirmado há algum tempo), mas os preços foram revelados e algumas mudanças no complexo estão encaminhadas.

Comecemos pelos valores, que estão no quadro abaixo. Ver o torneio do ano que vem sairá mais caro. Em 2014, para comprar todas sessões o fã teria de desembolsar, no mínimo, R$ 1.140. Em 2015, o menor preço possível é de 1.620. É uma diferença considerável – fiz o cálculo desconsiderando meia-entrada e usando o valor das cadeiras laterais em todas as sessões.

RioOpen_Ingressos_blog2

Na prática, a diferença é um pouco menor (mas só um pouco) porque este ano não haverá a cobrança de taxa de conveniência. Lui Carvalho, com quem conversei após a coletiva, explica o reajuste:

"Quando se precifica um ingresso pela primeira vez, você não tem parâmetro. A gente podia ter colocado aquele valor e não ter vendido nada, e a imprensa iria falar que era muito caro. Vendeu super bem, mas a gente não acredita que vendeu super bem porque o preço dos ingressos estava baixo. Vendeu super bem porque no builup no evento, as pessoas começaram a falar bem. A gente tinha Nadal, a estrutura era incrível. Agora, com um ano nas costas, a gente entende o valor do evento. É uma acomodação que você tem. Você faz o primeiro ano, bota um preço e começa a comparar com os outros eventos e com o que eles entregam, que jogadores têm, qual é a estrutura. Então poxa, a gente tem que elevar nosso patamar. A gente está onde está o 500 de Pequim, o 500 de Valência, que é um evento super top. A gente precisa elevar e encontrar nossa zona de conforto de preço de ingresso. É elevado porque a gente sabe que tem Nadal, a gente sabe que vai entregar uma área de comida incrível… O evento é top. Mas mesmo assim, os ingressos não estão caros. Eles subiram, mas a gente não cobra mais taxa de conveniência. Você já joga 10% abaixo. Tem taxa de entrega (fixa, de R$ 29, em vez da do ano passado, que era cobrada a cada ingresso adquirido), mas se você quiser que entregue na sua casa. Vai ter a opção de pegar aqui. Então os ingressos subiram de 30 a 50%, mas se você tira os 10%, já fica de 20 a 40%. A inflação está 9%. O número, 30 a 50%, dá uma assustada, mas se você comparar nossos eventos com os outros, a gente está na linha do que os outros estão cobrando."

RioOpen_Complexo_blog

Vamos, então, às outras mudanças anunciadas na coletiva:

– Uma quadra a mais (serão nove no total). Faz uma boa diferença. E Carvalho prometeu, inclusive, que isso facilitará a inclusão de jogos de duplas dos brasileiros na quadra central – algo que foi motivo de polêmica na edição deste ano.

– Uma arquibancada nova. Ficará no fundo da quadra 2 (vide mapa). Melhorará o acesso de quem quiser acompanhar os treinos dos principais tenistas.

– Melhorias na área de alimentação

– Novo acesso, com caminho mais curto desde a entrada até a área de jogo.

Umas das preocupações quando o torneio acabou em 2014 (e essa entrevista explicou muito na época) dizia respeito aos muitos assentos vazios, embora não houvesse mais bilhetes disponíveis ao público. Lui Carvalho explicou que muito daquilo aconteceu porque entradas ficaram nas mãos de patrocinadores que não preencheram os espaços. Nesta quarta-feira, o diretor do torneio mostrou-se mais esperançoso para a edição 2015.

"No primeiro ano, é difícil para o patrocinador fazer uma logística de distribuição de ingresso. Agora ele entende melhor o evento. Não vão ficar muitos assentos vazios. Mas algumas coisas é impossível fazer. A gente não vende ingresso com visão parcial (alguns fãs deixaram assentos vazios nas laterais da quadra e mudaram-se para assentos com visão parcial, que não foram colocados à venda – o que provocou parte dos "buracos" nas arquibancadas). Outros eventos fazem, mas a gente não vai fazer isso. E alguns ingressos a gente tem que reservar para efeito de alguma emergência, do tipo alguém que senta em uma cadeira quebrada e precisa trocar de ingresso. A gente vai melhorar. É difícil consertar 100% de um ano para o outro, mas a gente vai melhorar."

RioOpen_Complexo_blog2

Coisas que eu acho que acho:

– Não deixa de ser um pouco preocupante, mas na coletiva do Rio Open do ano passado, também realizada no dia 3 de dezembro, dois grandes nomes já estavam confirmados (Nadal e Ferrer). Este ano, apenas Nadal é presença certa (se outra lesão não vier, claro). Será que ainda vem mais gente de peso? E será que teremos casa cheia "só" com Nadal?

– O torneio de 2015 será disputado de 16 a 22 de fevereiro, com os primeiros dias durante o Carnaval (dia 17 marca a terça-feira do feriado). A organização do evento e o o secretário de turismo do Estado do Rio, Antônio Pedro Figueira de Mello (também presente) acham que os dois eventos se complementam. Dá para concordar. Já vi um belo Brasil Open em São Paulo no mesmo período. Lá, com o trânsito mais leve, o acesso foi ainda mais fácil. No Rio, com tantos blocos de rua na Zona Sul, talvez não seja tão simples chegar ao Jockey Club. Aguardemos para ver.

– Falando em acesso, nem tudo melhora no Rio Open. O torneio continuará sem estacionamento, pedindo ao público que use transporte público. Foi assim em 2014. Os táxis, nem sempre fáceis de encontrar, fizeram a festa.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.