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Saque e Voleio

Um inquestionável número 1

Alexandre Cossenza

14/11/2014 13h26

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Foi uma brilhante tentativa de Roger Federer. Vendo a liderança ao alcance, o suíço venceu Xangai, foi campeão de novo na Basileia e animou o fim de ano da ATP. O veterano, no entanto, não conseguirá terminar a temporada como número 1 do mundo. Ao derrotar Tomas Berdych por 6/2 e 6/2, nesta sexta-feira, Novak Djokovic somou os 600 pontos que precisava no ATP Finals e assegurou sua permanência no topo da lista até o começo de 2015.

Não foi a mais espetacular das temporadas do sérvio de 27 anos. Não, pelo menos, para o padrão que nos acostumamos a ver de Nole desde o ano fantástico de 2011. Em 2014, Djokovic "só" venceu um Grand Slam. Perdeu nas quartas de modo estranhíssimo na Austrália, jogou muito abaixo de seu normal na decisão de Roland Garros e, fisicamente mal, foi derrotado por Kei Nishikori nas semifinais em Nova York. Seu momento alto do ano foi o título de Wimbledon, conquistado em uma dramática final de cinco sets em cima de Roger Federer.

Ainda que não tenha brilhado tanto (repito: para seus padrões altíssimos) nos quatro principais torneios, Nole fez uma belíssima temporada. Ganhou quatro Masters 1.000 (derrotando Federer, Nadal duas vezes e Raonic nas finais) e um ATP 500. Assumiu a liderança do ranking depois de Wimbledon e não largou mais. E tudo isso, sempre gosto de sublinhar, num 2014 marcado por festas. Teve despedida de solteiro, casamento, nascimento do filho… Não é a mais fácil das tarefas manter o foco e o nível do tênis lá no alto enquanto tudo isso acontece.

Ressalto o ano repleto de "distrações", mas os méritos de Nole são tão mentais quanto técnicos. Seu tênis não tem buracos nem pontos fracos. Dos saques precisos às ótimas subidas à rede, Djokovic domina os adversários na maioria dos aspectos. Seus golpes de base têm profundidade com consistência sem igual no circuito; sua velocidade lhe faz alcançar ataques dos mais potentes; sua flexibilidade lhe permite estar quase sempre na posição perfeita para contragolpear; suas curtas quebram o ritmo quando o rival se acomoda atrás da linha de fundo; e este parágrafo já está tão longo quanto a resistência física.

O fim de ano não poderia ser muito melhor. Ainda há talvez duas partidas a fazer no ATP Finals, mas o rendimento desde Paris, após tornar-se pai, é fantástico. Ainda mais porque precisava lidar com a pressão extra da ameaça de Federer. Djokovic, então, ganhou o Masters francês sem perder sets e numa chave fortíssima: Kohlschreiber, Monfils, Murray, Nishikori e Raonic. Em Londres, não vem sendo muito diferente. Já derrubou Cilic, Wawrinka e Berdych. E perdeu apenas nove games. É assustador. O número 1 não poderia estar em melhores mãos.

Coisas que eu acho que acho:

– O ATP Finals, até agora, foi uma enorme decepção. E não só porque houve apenas uma partida de três sets. Nomes que brilharam durante a temporada inteira chegaram a Londres mostrando um nível de tênis baixíssimo. Cilic e Raonic foram os melhores exemplos. Andy Murray, que vinha jogando um belo tênis e fez ótimos resultados para conseguir a vaga no torneio, terminou sua participação com um humilhante 6/0 e 6/1 diante de Federer (que nem foi espetacular na partida).

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.