Topo

Saque e Voleio

Simplificando as contas

Alexandre Cossenza

03/11/2014 12h32

Djokovic_Paris_F_get_blog

A chave era a pior possível. Na estreia, Philipp Kohlschreiber, 24º do ranking. Nas oitavas, Gael Monfils, tenista da casa e embalado por duas ótimas apresentações. Nas quartas, Andy Murray, campeão de três dos últimos cinco torneios que disputou e invicto há 11 jogos. Nas semifinais, Kei Nishikori, vice-campeão do US Open e campeão de dois dos três torneios anteriores. Na final, Milos Raonic, que disparou 84 aces na semana e deixou Federer e Berdych pelo caminho. Novak Djokovic, o cidadão que teve de enfrentar esse povo todo, mal suou no Masters 1.000 de Paris. Sólido do começo ao fim, venceu todos jogos sem perder sets e completou sua semana quase impecável com um inapelável 6/2 e 6/3 na decisão.

Sem drama e, é bem verdade, quase sem graça. Mas foi assim a superioridade de Novak Djokovic logo depois de ser pai e, claro, logo em uma semana tão importante na briga pela liderança do ranking. Como Roger Federer deixou bem claro que estava brigando pelo topo, os pontos de Paris foram importantíssimos e deram ao sérvio uma boa folga. Agora, com apenas o ATP Finals e a Copa Davis em jogo, Djokovic lidera o ranking com 10.010 pontos, contra 8.700 de Federer – uma diferença de 1.310 pontos.

Para o suíço, ainda há 1.500 pontos em jogo durante o ATP Finals e mais 225 na final da Copa Davis, em solo francês. Para somar isso tudo, porém, o atual número 2 precisaria conquistar Londres de forma invicta e ainda vencer seus dois jogos de simples (é obrigatório que o segundo jogo de simples seja válido, ou seja, com o confronto ainda aberto) e contar com um título suíço na Davis. Se tudo isso acontecer, Federer chegará a 10.425 pontos.

Djokovic, que só depende de seus resultados para terminar 2014 no topo da lista, tem uma conta simples: vencer três jogos no ATP Finals – na fase de grupos ou mesmo depois. Com três triunfos em Londres, o sérvio alcançaria, na pior das hipóteses, 10.460 pontos (considerando que ele perderá 150 somados na final da Copa Davis do ano passado).

Simples? Nem tanto. Ainda assim, tudo leva a crer que Djokovic completará mais uma temporada como o melhor do mundo. Do início ao fim de 2014, mesmo com pausas para as festas de despedida de solteiro, o casamento e o nascimento de seu primeiro filho, Nole foi o mais consistente.

Djokovic_Paris_F_get2_blog

Coisas que eu acho que acho:

– Essa discussão teria sido arquivada há muito tempo não fossem os dois centímetros que impediram uma vitória de Leo Mayer em Xangai. De lá para cá, Federer conseguiu uma bela sequência, nem sempre jogando bem, mas vencendo quase todas partidas apertadas. Parou em Raonic. Será que o suíço consegue mais mágica? O suficiente para voltar a liderar o ranking ainda em 2014? Não parece lá muito provável…

– Minha parte preferida de ver Djokovic como número 1 do mundo é não precisar entrar na discussão sobre o mérito de um número 1 do mundo sem um título de Grand slam na conta. Seria o caso de Federer, que não conquista um torneio deste porte desde 2012 e, em 2014, comeu pelas beiradas. Venceu dois Masters 1.000, dois ATPs 500 e um 250. Sua campanha em Grand Slams, contudo, somou "apenas" (coitado, né?) a semifinal na Austrália, as oitavas em Roland Garros, o vice em Wimbledon e outra semi em Nova York.

– Alguns fórums e "comunidades" especulam sobre a possibilidade de os pontos da Copa Davis não serem levados em conta para o ranking de fim de ano de 2014. Bobagem. Eles entram na conta desta temporada, sim. Desta forma, é possível que o troféu de número 1 de 2014 não seja entregue em Londres, como de costume.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.