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Marcelo Melo, o discreto número 3

Alexandre Cossenza

06/10/2014 11h44

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Marcelo Melo acordou nesta segunda-feira, 6 de outubro de 2014, para comemorar mais um passo, mais um feito. O mineiro é agora o número 3 do mundo, melhor posição na sua carreira. Também é a melhor posição já ocupada por um brasileiro. Posto que pode até ser considerado o número 1 entre os normais, já que os irmãos gêmeos Bob e Mike Bryan dominam o circuito e, nos últimos quatro anos, só perderam a liderança por algumas semanas.

Faço sempre questão de registrar os feitos de Marcelo Melo porque eles costumam ser ofuscados por Bruno Soares, que também foi número 3 do mundo de outubro do ano passado até agosto de 2014. Soares ganhou dois Grand Slams em duplas mistas, esteve a um ponto de ganhar outro em Wimbledon e é, de certa forma, mais "midiático". Conversa com todo mundo, dá mais entrevistas, sorri mais, tem mais patrocinadores. É um boa praça natural. Não força para ser uma figura carismática e, por isso, aparece mais que o conterrâneo. E não há problema nenhum nisso.

Não que Marcelo seja mal humorado nem avesso a entrevistas. Pelo contrário. Só não é tão tagarela quanto Bruno. E também não força a barra para tentar ser mais simpático do que é. E isso é ótimo. Até suas comemorações são mais comedidas. Para festejar a marca, fez um tweet. Unzinho, sem estardalhaço. Agradeceu e compartilhou um link para uma imagem do ranking de duplas. E só.

A questão é que no circuito de duplas os resultados dos dois brasileiros são, de certa forma, equiparáveis. Bruno Soares e Alexander Peya disputaram a final do US Open do ano passado. Marcelo Melo e Ivan Dodig fizeram o mesmo em Wimbledon, dois meses antes. Aliás, vale lembrar que Dodig, parceiro habitual de Melo, não disputou nem Roland Garros nem Wimbledon este ano. Ressalte-se, então, que melhor ranking do mineiro vem após dois Slams ao lado de "estranhos". Foi às oitavas com Jonathan Erlich em Paris e só parou nas quartas em Londres, onde atuou com o austríaco Julian Knowle. Não é pouco.

Em uma das vezes que Marcelo esteve à frente de Bruno no ranking, perguntei se ele não achava que a atenção dada aos dois era muito diferente. Ele não respondeu exatamente o que eu perguntei, mas brincou, dizendo que era bom porque lhe sobrava mais tempo livre. E a verdade é que Marcelo faz força para não chamar atenção. Foi algo que notei quando passei um par de dias em Belo Horizonte, acompanhando os dois mineiros em pré-temporada. Até quando trocou de carro pela última vez o Girafa se preocupou em não se destacar demais nas ruas. Já bastam os 2,03m de altura para chamar atenção.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.