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Saque e Voleio

Uma dupla em sua melhor definição

Alexandre Cossenza

13/09/2014 17h31

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Houve um voleio dificílimo que empurrou Marc López de volta para o fundo de quadra. Houve também o grito de "deixa!" seguido de um fortíssimo smash quase de costas. E a direita que acertou as costas de David Marrero para ganhar o ponto. E a devolução vencedora que encaminhou uma quebra no segundo set. E o pique para alcançar uma curtinha e matar o ponto com um slice fundo de direita. E o voleio, cruzando a rede, que decidiu o jogo na prática.

Do começo ao fim, Marcelo Melo foi a estabilidade da dupla brasileira. O melhor em quadra. O número 1 do país nas duplas brilhou, claro, mas foi sólido mesmo quando não estava executando um golpe improvável. Sempre exigiu algo a mais dos espanhóis. Foi estupendo mais lhe exigiram.

Bruno Soares, por sua vez, pulsou. Fez pontos espetaculares, errou bolas fáceis. Fez séries memoráveis de voleios defensivos e falhou em devoluções quando tinha break points. Chegou a gritar "vai, vai!" quando não devia e deixou bolas que eram suas, mas quando brilhou trouxe ele o público. Berrou, levantou os braços, deixou o Ibirapuera ali juntinho o tempo inteiro.

E, no momento mais delicado, depois de uma falha boba no 4/5 do segundo set, respondeu com três pontos perfeitos. Foi dele, também, o smash que quebrou o serviço de Marc López e deu ao Brasil dois sets de vantagem.

Marcelo Melo e Bruno Soares nem sempre brilharam na mesma intensidade, mas fizeram o mais difícil – e ao mesmo tempo o mais necessário -, que foi jogar como uma parceria equilibrada de fato. Um deu a base. O outro, a faísca. Na vitória por 6/3, 7/5 e 7/5 sobre López e Marrero, os dois mineiros foram a dupla perfeita.

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Coisas que eu acho que acho:

– Com a vitória nas duplas, o Brasil abre 2 a 1 no confronto e fica na melhor posição possível para vencer e voltar ao Grupo Mundial. O time agora "só" depende de uma vitória de Thomaz Bellucci contra Roberto Bautista Agut, número 15 do mundo. Não é uma tarefa nada, nada fácil, mas é desde sempre o cenário mais provável para um triunfo brasileiro: dois pontos de Bellucci e um das duplas. Caso o número 1 do país seja derrotado, Rogerinho volta à quadra com uma chance de se redimir do vexame de sexta-feira e decidirá a série contra Pablo Andújar.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.