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Saque e Voleio

Salvos por centímetros

Alexandre Cossenza

12/09/2014 22h19

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Thomaz Bellucci saca com match point contra e troca bolas com Pablo Andújar até que manda uma mais funda. Certamente mais funda do que gostaria. A amarelinha toca de mais no saibro do que na linha, deixando aquela marca parcial fora da quadra. Mas a bola raspa o suficiente para mudar de direção e forçar o erro do tenista espanhol. No game seguinte, Andújar perde o saque. Bellucci confirma o seguinte e força o quinto set. Trinta e oito minutos depois, o número 1 do Brasil completa a virada, vence por 3/6, 6/7(6), 6/4, 7/5 e 6/3, salva a pele do capitão e evita o que seria um dia para São Paulo esquecer na Copa Davis.

A tarde que começou com o vexame de uma escalação monstruosamente errada terminou com o time brasileiro e sua torcida de esperanças renovadas, confiantes em uma vitória de Marcelo Melo e Bruno Soares no sábado, na partida de duplas, e seguramente em mais uma vitória do número 1 do país no domingo, contra Roberto Bautista Agut. Sim, leitores: o Brasil está vivo e com chances interessantes de derrotar a Espanha e voltar ao Grupo Mundial, a primeira divisão do tênis mundial.

O triunfo de Thomaz Bellucci foi daqueles típicos de Thomaz Bellucci. E, por que não, típico de Copa Davis. Um jogo com o brasileiro errático no primeiro set e perdendo chances no segundo. Andújar, se não foi brilhante, teve a competência necessária para abrir 2 sets a 0. Só que o espanhol voltava de lesão (abandonou seu jogo no US Open) e, no terceiro set, já indicava que não resistiria por muito tempo. Passou a errar mais, e a coisa toda mudou. O tenista da casa, que também começou a sacar melhor, teve mais chances para agredir.

Poderia ter sido até um pouco mais fácil, não fossem o exagero da torcida e uma decisão ousada de Jake Garner, o árbitro de cadeira. Com tantos gritos da torcida entre os saques de Andújar, o americano mandou voltar um ponto. Pouco depois, repetiu a dose quando o espanhol encarava um break point. O visitante, que não ouviu a ordem do árbitro, cometeu uma dupla falta, mas teve a segunda chance e salvou o saque. Até que Bellucci teve 4/5, encarou o tal match point e salvou-se por centímetros. A partida, que já caminhava em outra direção, tomou de vez o rumo do time da casa. Dali em diante, Andújar era uma sombra de jogador. Cansado, mas em melhores condições físicas que o rival, o número 1 do Brasil, ainda que com um ou outro deslize, cumpriu seu papel competentemente e festejou após 4h02min.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.