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Saque e Voleio

Dúvida para Murray, sorrisos para Djokovic

Alexandre Cossenza

26/08/2014 07h54

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A segunda-feira não foi lá o mais memorável dos primeiros dias de um Grand Slam, mas teve lá sua emoção. Desde o momento em que Andy Murray sentiu cãibras e quase perdeu um jogo que parecia bem encaminhado até o fim de noite, com Novak Djokovic entrando em quadra e dando a entender que o breve momento de instabilidade, vivido em Toronto e Cincinnati, ficou no passado.

O britânico começou o dia afiado, vencendo os quatro primeiros games e triunfando com folga sobre Robin Haase no primeiro set. Na segunda parcial, correu atrás e venceu no tie-break. Com a boa vantagem, apareceu estranhamente uma rara cãibra no antebraço. Haase fez 6/1 e, enquanto Murray sacava bem abaixo do seu melhor, abriu 4/1 no quarto set. O holandês, no entanto, sentiu o cansaço. Sacou para o set, mas não conseguiu fechar. O escocês engatou uma boa sequência, fez 7/5 e garantiu a vitória.

Nada, nada que deixasse os fãs de Murray animados. Um pouco pela rara cãibra, que o tenista disse não entender ao sair de quadra. Disse que cãibras assim vêm de nervosismo, mas que não estava tenso no início do terceiro set. Por fim, culpou "algo que comi ou deixei de comer antes do jogo." Seu tênis tampouco esteve brilhante. Houve flashes, mas nada que indicasse a consistência necessária para vecer uma melhor de cinco sets contra um rival do nível de Djokovic. E, lembremos, os dois podem se enfrentar já nas quartas de final em Nova York.

Houve mais consistência no Estádio Arthur Ashe quando Stan ex-Stanislas Wawrinka, o mais imprevisível dos suíços, fez uma bela estreia diante de um rival que poderia ter oferecido mais perigo. A vitória sobre Jiri Vesely por 6/2, 7/6(6) e 7/6(3) mostrou precisão nos momentos importantes e é um início animador para o campeão do Australian Open.

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Grande favorito para chegar às semifinais, Wawrinka tem uma chave acessível e tempo para afiar seus golpes. A notícia só não é tão boa para Thomaz Bellucci, que derrotou Nicolas Mahut e será o próximo adversário do suíço. O brasileiro, aliás, precisou salvar sete set points na primeira parcial antes de deslanchar com a partida para fazer 7/6(4), 6/4 e 6/1 na Quadra 15.

Impossível falar sobre sua atuação, já que a partida não foi televisionada. Na ESPN, André Sá mostrou-se feliz com o fato de Bellucci ter triunfado em um dia de calor (uma preocupação no vestiário, segundo o mineiro). Lembro, contudo, que Mahut não costuma entrar em longos ralis, o que poupa seus rivais. De novo, ressalto: não dá para saber se foi o caso nesta segunda-feira porque os dois se enfrentaram em uma quadra sem câmeras de TV.

Por fim, no último jogo da noite, Novak Djokovic bateu o diminuto Diego Schwartzman sem drama: 6/1, 6/2 e 6/4. Ainda que longe de ter sido um teste ou mesmo uma grande oportunidade de treino para o número 1 do mundo, a partida serviu para mostrar que o sérvio inicia o US Open bem mais afiado do que esteve em Toronto ou Cincinnati. Nole teve tempo de treinar e, principalmente, de motivar-se para um torneio de Grand Slam.

"Muitas coisas aconteceram na minha vida pessoal nos últimos dois meses, então eu provavelmente não estava mentalmente preparado para competir em alto nível em Toronto e Cincinnati. Mas agora é diferente. Estou emocionalmente recarregado e pronto para competir", disse na coletiva o sérvio, que casou-se após o título em Wimbledon e está a alguns meses de ser pai. Se não surpreende, é seguramente uma declaração que conforta e anima seus fãs.

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A chave feminina passou sem grandes surpresas, mas com um punhado de sustos. Simona Halep, em uma tarde nada inspirada, perdeu o primeiro set para a universitária Danielle Rose Collins, que sequer figura no ranking; Angelique Kerber só superou Ksenia Pervak por 7/5 no terceiro set; Andrea Petkovic suou para bater a tunisiana Ons Jabeur (7/6(7), 1/6 e 6/3); e Caroline Wozniacki perdeu um set, mas avançou quando a eslovaca Magdalena Rybarikova, lesionada, desistiu após o segundo game da terceira parcial.

Mantendo a tradição, o dia teve as clássicas surras. Radwanska, primeira a completar um jogo, fez 6/1 e 6/0 na canadense Sharon Fichman; Sloane Stephens bateu Annika Beck por 6/0 e 6/3; Belida Bencic dominou Yanina Wickmayer; e Maria Sharapova abriu a rodada noturna derrotando a compatriota Maria Kirilenko por 6/4 e 6/0 em uma partida que teve emoção durante só um set, enquanto a Maria menos famosa esteve na dianteira. Como de costume, Sharapova atropelou depois de encontrar seu ritmo. Importante que isto aconteça mais cedo, já que o quadrante da ex-número 1 na chave do US Open tem Lisicki, Wozniacki, Petkovic, Venus e Halep. Não há muito espaço para apagões.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.