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O melhor dos cenários para Federer

Alexandre Cossenza

22/08/2014 09h19

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É um daqueles momentos em que parece haver um alinhamento cósmico, como se os deuses do tênis abrissem o caminho para mais um (o último?) grande título do monstro que é Roger Federer. Rafael Nadal não estará em Nova York, e Novak Djokovic vem em uma espécie de longa ressaca tenística (a conquista de Wimbledon) e pessoal (casou-se recentemente e espera um filho).

O suíço provavelmente não tinha visto ainda a chave do US Open quando a foto acima foi produzida, mas é difícil imaginá-lo #chateado após saber quem são seus adversários em potencial no Grand Slam americano, que começa nesta segunda-feira, em Nova York. Enquanto Novak Djokovic, na outra metade da chave, pode ter de lidar com John Isner nas oitavas, Andy Murray ou Jo-Wilfried Tsonga nas quartas, e Stanislas Wawrinka na semi, Federer tem em seu caminho potenciais adversários como Fabio Fognini nas oitavas, Grigor Dimitrov ou Richard Gasquet nas quartas, e David Ferrer ou Tomas Berdych na semi (Gulbis corre por fora – confira a chave completa aqui).

Deste grupo, apenas Berdych tem retrospecto respeitável contra Federer. O tcheco venceu duas das últimas três partidas e teve ótimas chances de triunfar no último encontro, no qual o suíço levou a melhor de virada para conquistar o título de Dubai neste ano. Ainda assim, os dois só se encontrariam em uma semifinal, e o atual momento de Berdych, com duas vitórias nos últimos cinco jogos em quadra dura, não é exatamente animador – especialmente levando em conta a perigosa estreia contra Lleyton Hewitt em Nova York.

Enquanto isso, o atual número 3 do mundo chega a Nova York em grande forma. Foi vice em Toronto, levantou a taça em Cincinatti e, se não mostrou o tênis dominante de anos atrás (já é injusto cobrar isso a essa altura de sua carreira), brilhou o bastante para triunfar em nove dos últimos dez jogos.

A questão que sempre se levanta antes de um Slam é sobre a capacidade física de Federer em eventuais jogos de cinco sets. A resposta só virá a partir de segunda-feira, mas quem consegue olhar a chave e imaginar alguém (não chamado Novak Djokovic) duelando por mais de três horas com o Federer de hoje? Além disso, o suíço é raramente escalado para uma sessão diurna em Nova York, então o calor provavelmente não será um fator. Volto, então, ao ponto do início deste post: tudo parece conspirar a favor…

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Coisas que eu acho que acho:

– Ranking, histórico recente e o potencial nunca são deixados totalmente de lado. Nas casas de apostas, Djokovic, finalista do torneio nos últimos quatro anos, ainda é o mais cotado para faturar o US Open. A bet365, por exemplo, paga 2,37 para cada "dinheiro" apostado no sérvio. Caso Federer tenha seu nome gravado mais uma vez na taça, o prêmio é de 3,50 para cada franco suíço investido.

– A badalação reduzida pode fazer bem a Djokovic. As atuações pouco inspiradas e as derrotas para Tsonga (Toronto) e Robredo (Cincinnati) diminuem a expectativa em torno do número 1 do mundo em Nova York. Sem jogar durante a última semana, o sérvio teve algum tempo para calibrar seu jogo. Além disso, as duas primeiras rodadas – contra Diego Schwartzman e Gilles Muller/Paul-Henri Mathieu – darão mais um par de chances (e cinco dias) para que Nole chegue afiado às fases mais complicadas do torneio.

– No cenário atual, sem Nadal e com um ponto de interrogação sobre Djokovic, não dá para descartar um campeão estreante, como Wawrinka na Austrália. Mas quem estaria pronto para dar esse passo a mais? Gosto da chave de Grigor Dimitrov, mas o búlgaro provavelmente esbarrará com Federer nas quartas de final. Será que o garotão saberia lidar com o "buzz" de um jogo noturno tão promovido? E vale lembrar, nem que seja só por curiosidade: desde que foi superado por Bellucci no quali em 2009, o atual número 8 do mundo jamais venceu um jogo no US Open.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.