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Saque e Voleio

Chave deixa Djokovic ainda mais favorito

Alexandre Cossenza

23/05/2014 14h00

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A chave de Roland Garros foi sorteada nesta quinta-feira, e os confrontos das oitavas de final podem ficar assim: Rafael Nadal x Nicolás Almagro, Novak Djokovic x Jo-Wilfried Tsonga, Andy Murray x Richard Gasquet, David Ferrer x Grigor Dimitrov, Stan Wawrinka x Fabio Fognini, Kei Nishikori x Milos Raonic, Roger Federer x Ernests Gulbis e Tomas Berdych x John Isner.

Seria fantástico se tudo isto acontecesse. São muitos os atrativos. Almagro vem de vitória sobre o número 1 do mundo; Nole e Jo já fizeram final de Slam têm um duelo histórico em Paris no currículo; Ferrer e Dimitrov fariam uma batalha de estilos bem distintos, quase como Nadal x Federer; Nishikori e Raonic são a nova geração, um duelo de saque-e-voleio contra o tênis da linha de base; e Wawrinka e Fognini são dois cidadãos talentosíssimos, o que também pode se dizer de Federer e Gulbis.

Mas é um Grand Slam, e Grand Slam significa duas semanas, possibilidade de vento, chuva e atrasos, além de jogos em melhor de cinco sets. E, obviamente, é no saibro, o que traz condições de jogo bem diferentes, variando conforme umidade e temperatura. Até a ascensão de Rafael Nadal, Roland Garros sempre foi o mais difícil Slam de prever. Parece lógico que, em uma temporada abaixo da média do espanhol, o torneio produza um resultado inesperado.

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Só parece. O favoritismo é de Novak Djokovic, que tem uma ótima chance de completar seu "Career Slam" e vencer o torneio francês pela primeira vez. E sua chave em Paris nem é das mais complicadas. Tem Sousa na estreia, GimenoTraver/Chardy na segunda rodada e Cilic/Andujar/Qualifier/Kamke na terceira. Nas oitavas, Tsonga e Janowicz seriam os adversários mais prováveis, mas os dois vivem fases nada animadoras. Nas quartas, Nole deve enfrentar Raonic ou Nishikori, e nenhum dos dois mostrou, até agora, capacidade de vencer jogos deste nível em melhor de cinco sets. Na semifinal, Federer é favorito para ser o rival de Nole. Alguém aí ousaria apostar contra o sérvio? Pois é.

A chave de Nadal não é das mais difíceis também, mas o número 1 pode ter que reencontrar algozes do passado recente. Em seu caminho, além de Almagro, pode pintar David Ferrer (que o superou em Monte Carlo) nas quartas. Na semi, Wawrinka, que superou Nadal em Melbourne, seria um oponente igualmente perigoso. Nadal, depois de bons resultados em Madri e Roma, segue como favorito para avançar até a final, mas já não é favorito absoluto ao título como já foi – nem nas casas de apostas, que sempre foram generosas com o atual número 1.

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Jogos de primeira rodada que eu quero ver

– Wawrinka x García-López é um dos melhores confrontos. É o número 3 do mundo encarando o 39º do ranking em um piso bom para os dois. O suíço, claro, é favorito, mas não por aquela enorme margem que costumamos ver em uma primeira rodada de Grand Slam. Os dois já se enfrentaram cinco vezes no saibro, e o espanhol venceu em duas. Uma vitória de García-López não seria tão espantosa assim.

– Gasquet x Tomic. O imprevisível australiano joga contra um francês na França, diante de um público conhecido pela pequena (ou quase nenhuma!) tolerância com tenistas catimbeiros, e encrenqueiros. Pode ser tanto uma bela partida de tênis quanto um prato cheio para quem gosta de ver um belo barraco. De um jeito ou de outro, é um confronto imperdível!

– Hewitt x Berlocq. Primeiro porque eu gosto do australiano, que sempre mostra algo de especial nos Grand Slams. Vê-lo no saibro contra um tenista lutador como Berlocq – em melhor de cinco! – deve ser mais interessante ainda.

– Thomaz Bellucci x Benjamin Becker. Porque tem Bellucci, claro.

Jogos que vão dar sono, mas que o Bandsports deve mostrar assim mesmo

– Nadal x Ginepri. Passeio.
– Djokovic x Sousa. Passeio.

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Quem pode surpreender

O quadrante encabeçado por Stanislas Wawrinka e Andy Murray é interessante, já que o suíço tem uma estreia nada simples, enquanto Murray, bem, é Murray. É tão possível ver os dois avançando até as quartas quanto dá para imaginar Fognini e Gasquet chegando lá. Considerando a natureza instável do britânico, Philipp Kohlschreiber, cabeça 28, também seria um bom palpite de "surpresa" nas quartas.

Na metade de baixo da chave, Bautista-Agut, que não é mais um azarão desconhecido, tem uma chave interessante. Cabeça 27, ele encararia, em tese, Tomas Berdych na terceira rodada. No saibro, não é nada impossível que o espanhol vença. E, se avançar, pega nas oitavas quem passar de um setor encabeçado por Robredo e Isner. Alguém consegue imaginar Bautista-Agut contra Roger Federer nas quartas de final? Será?

Nas casas de apostas

Novak Djokovic é o favorito, mas por uma margem pequena. Na bet365, por exemplo, um título do sérvio paga 2,37 para cada dólar apostado, enquanto um triunfo de Rafael Nadal paga 2,50. A lista continua com Stan Wawrinka (10,00), Roger Federer (19,00), David Ferrer (19,00), Andy Murray (23,00), Kei Nishikori (29,00), Tomas Berdych (51,00) e Grigor Dimitrov (67,00)

Na casa australiana Sportsbet, não muda muito – a não ser o fato de Andy Murray pagar o mesmo que Roger Federer. A lista tem, por ordem de favoritismo, Djokovic (2,37), Nadal (2,63), Wawrinka (10,00), Murray (21,00), Federer (21,00), Ferrer (23,00), Nishikori (34,00), Berdych (67,00) e Dimitrov (76,00).

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.