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Saque e Voleio

Perguntas em um cenário incomum

Alexandre Cossenza

12/05/2014 15h49

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Roma não costuma ser um cenário de surpresas. Não no tênis masculino. Fosse com o habitual domínio de Rafael Nadal ou até mesmo quando Novak Djokovic tomou o circuito de assalto em 2011, o público sempre soube o que esperar no Masters 1.000 da capital italiana. Cinco semanas de jogos no saibro sempre foram suficientes para compor o desenho, mostrar quem é quem.

Desta vez, não é o caso. A temporada 2014, que começou com Stanislas Wawrinka vencendo o Australian Open, é a mais incomum desde 2003 (e não há nada de errado nisso) e agora, a pouco menos de duas semanas do início de Roland Garros, o circuito desembarca na Cidade Eterna na forma de um ponto de interrogação do tamanho do Coliseu. As perguntas sem resposta não são poucas.

– Como anda a forma de Novak Djokovic? O sérvio perdeu a semifinal de Monte Carlo sentindo dores no braço direito e, pelo mesmo motivo, não foi a Madri. Considerando que Nole já treina em Roma há alguns dias, a impressão que fica é que a lesão não preocupa. A opção por não jogar na capital espanhola parece ter sido puramente por cautela. Mas o que podemos esperar de seu tênis? E quanto ritmo e confiança o sérvio vai adquirir até Roland Garros?

– Rafael Nadal começou a temporada europeia de saibro de forma estranha. Perdeu para Ferrer em Monte Carlo e, depois, tombou diante de Almagro em Barcelona. Quando tudo parecia se alinhar em Madri, veio uma atuação abaixo da média na final. Não fosse a lesão de Nishikori, o número 1 do mundo provavelmente teria de se contentar com o vice. E agora, as dúvidas que Nadal admitiu ter antes de Madri ainda existem?

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– Stanislas Wawrinka venceu em Melbourne e, logo depois, jogou mal na Copa Davis e em Indian Wells. Venceu Monte Carlo e perdeu na estreia em Madri. O atual número 1 da Suíça é uma grande incógnita. Ninguém sabe ao certo se o cidadão entrará em quadra calibrado ou mandando seus backhands em Milão. Qual dos dois é o verdadeiro Stan? A resposta mais provável é "nenhum". Resta saber se quem vai dar as caras no Foro Italico é aquele que venceu todos os seis jogos que disputou contra top 10 na temporada…

– Roger Federer foi pai de gêmeos (sim, outra vez – o parêntese é para quem esteve em outro planeta nos últimos dias ) e não jogou em Madri. Será que o ex-número 1 conseguiu treinar na intensidade ideal durante o período? Vice em 2003, 2006 e 2013, o suíço está longe de ser "o" favorito em 2014, mas não estão catalogados todos tipos de feitiço que a Varinha das Varinhas é capaz de produzir.

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– O título em Madri garantiu Rafael Nadal na ponta do ranking por pelo menos uma semana. Tudo leva a crer, entretanto, que o número 1 estará em jogo quando ele e Djokovic chegarem a Paris, onde o espanhol defende 1.280 pontos a mais do que o rival. A briga promete esquentar nos próximos 30 dias.

– Entre os tenistas inscritos em Roma, apenas dois já levantaram o troféu no torneio: Nadal (2005-07, 2009-10 e 2012-13) e Djokovic (2008 e 2011).

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– A lista de tenistas com mais vitórias na temporada é encabeçada por Nadal, com 29 triunfos. O top 5 ainda tem Roger Federer com 28, Kei Nishikori e Marin Cilic com 27, e Tomas Berdych e Fabio Fognini, com 26.

– Com um título de Masters 1.000 e um vice no Australian Open, Nadal também é quem mais somou pontos em 2014. Ele tem 3.865 e é seguido por Wawrinka (3.545), Djokovic (3.050), Federer (2.920) e Berdych (2.465).

Coisas que eu acho que acho:

– Deve doer demais estar a dois games de derrotar o número 1 do mundo e não conseguir fazê-lo por causa de uma lesão. Nishikori, que já sentia dores nas semifinal, abriu 6/2 e 4/2 antes de não conseguir mais se movimentar. Acabou forçado a abandonar quando perdia por 2/6, 6/4 e 3/0. Mesmo assim, garantiu sua entrada no top 10. Hoje, é o nono do ranking mundial e, mais do que isso, um nome a ser mais respeitado ainda em Roland Garros.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.