Topo

Saque e Voleio

Números “nadalescos” para Sharapova

Alexandre Cossenza

11/05/2014 14h16

Sharapova_Madri_SF_get_blog

Com mais uma ótima atuação no saibro, Maria Sharapova conquistou o título do WTA de Madri ao derrotar a romena Simona Halep, número 5 do mundo, por 1/6, 6/2 e 6/3. O triunfo deste domingo foi o 11º consecutivo da russa. Todos eles vieram no saibro – há duas semanas, a ex-número 1 do mundo faturou também o WTA de Stuttgart ao superar a sérvia Ana Ivanovic na decisão.

Não é de hoje nem da semana passada o sucesso de Maria Sharapova no saibro, e os motivos são temas de teorias distintas que concordam apenas em um elemento: a russa melhorou muito sua movimentação em quadra. A intenção deste post, entretanto, não é alimentar o debate (ainda!), mas mostrar os impressionantes números de uma tenista que já se disse "uma vaca no gelo" pela dificuldade que encontrava ao deslocar-se na terra batida.

De 2012 até hoje, Sharapova acumula 46 vitórias e só três derrotas no saibro, o que representa um total de 93,87% de aproveitamento. Nessas três temporadas, apenas Serena Williams derrotou a russa. Como comparação, Rafael Nadal, indiscutivelmente o tenista com melhores resultados no saibro em todos os tempos, tem 93,75% de aproveitamento no mesmo período, com 75 triunfos em 80 partidas (a conta ainda não inclui a final do Masters de Madri).

Os números não mudam muito se incluirmos a temporada de 2011. São 58 vitórias e cinco derrotas (incluindo reveses diante de Na Li e Dominika Cibulkova), que resultam em 92,06% de aproveitamento. Nadal tem 93,63% nas mesmas datas.

E vale lembrar: levando em conta as estatísticas de toda a carreira, Maria Sharapova é a tenista em atividade com maior porcentagem de vitórias na terra batida. São 83,3%, contra 81,2% de Serena, a segunda colocada na lista. E tem mais um número importante: dos últimos nove títulos da russa, sete vieram no piso (Stuttgart 2012-14, Roma 2011-12, Roland Garros 2012). Não é pouca coisa…

Sharapova_saibro_col_blog

Coisas que eu acho que acho:

– Olhei alguns vídeos de 2007, 2008, 2009 e, sinceramente, não consegui enxergar grande diferença no estilo de jogo de Maria Sharapova. Sim, a russa se movimenta melhor e, consequentemente, pode contra-atacar melhor no saibro. No fim das contas, porém, não me parece algo suficiente para justificar um aproveitamento tão superior no saibro – em comparação com as quadras duras – até porque a russa não passa tanto tempo assim se defendendo.

– Minha teoria para explicar o quase domínio de Sharapova na terra batida passa pela falta de "especialistas" no circuito feminino. Na WTA, quase todas jogam igual, com bolas mais retas. Umas poucas exceções são as italianas Sara Errani e Francesca Schiavone. A primeira, contudo, não tem potência para incomodar Sharapova com frequência. Schiavone, por sua vez, já está na fase final de sua carreira e não consegue resultados com a consistência de alguns anos atrás.

– O maior dos obstáculos para Sharapova no saibro continua sendo Serena Williams, mas é um caso em que a superfície pouco importa. Serena é uma tenista tão acima do resto do circuito que é capaz de sobressair em qualquer piso, contra qualquer adversária.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.