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Saque e Voleio

Postura de campeã

Alexandre Cossenza

27/04/2014 14h54

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Cinco games equilibrados, todos indo a "iguais", terminaram do lado de Ana Ivanovic. A sérvia, número 12 do mundo, abriu 5/0 na final do WTA de Stuttgart e venceu a parcial por 6/3. A bela ex-número 1 do mundo também teve 3/1 no segundo set, mas não levou. No fim, quem levantou o troféu e desfilou a bordo do Porsche foi Maria Sharapova: 3/6, 6/4 e 6/1. Mas o que aconteceu?

Há quem diga que o jogo mudou no sexto game do segundo set. A russa havia acabado de quebrar Ivanovic, mas sacava em 2/3 diante um break point. A sérvia, como fez em boa parte do jogo, enfiou o braço na devolução. Quando a bola saiu de sua raquete, a quebra parecia provável, mas Sharapova alcançou a cruzada além da linha de duplas e executou uma improvável paralela de backhand, de fora para dentro. Break point salvo, game confirmado, e arrancada iniciada. Contando a partir desse momento, a loira venceu dez de 12 games.

O duelo, contudo, não ficou desequilibrado logo depois daquele sexto game. Ainda no segundo set, três dos quatro games seguintes estiveram em 30/30. A coisa desandou mesmo foi no terceiro set, e aí é preciso notar a diferença de postura entre as tenistas. Enquanto Sharapova manteve a calma lá no começo, levando 5/0, Ivanovic chamou seu técnico na parcial decisiva e, no intervalo, só discutiu com o homem. Não venceu um gamezinho sequer depois. A russa manteve a postura, acreditou em seu jogo, esperou o momento e aproveitou quando a chance apareceu. Game, set, match.

Coisas que eu acho que acho:

– Passo longe de afirmar que Ivanovic perdeu o ritmo por causa do debate com o treinador. Muito pelo contrário. Quando seu técnico entrou em quadra, a sérvia já não parecia tão confiante em seu jogo. É claro que faz efeito (mentalmente) o retrospecto negativo contra Sharapova (duas vitórias em nove jogos), mas Ivanovic perdeu a final tanto pelo comportamento quanto pelo quesito técnico.

– O regulamento da WTA, que permite a entrada de técnicos em quadra, não só corrompe um dos princípios básicos do tênis (um esporte em que, por definição, o atleta deve buscar soluções por conta própria) como acaba expondo as fragilidades e, por que não dizer, mimos de atletas que faturam milhões por ano. Não acho que faça bem à imagem do tênis feminino. Ainda mais quando a número 1 do mundo, Serena Williams, sempre dispensa o recurso.

– No mundo cínico e cheio de teorias conspiratórias de hoje, é um alívio ver um atleta vencer um torneio bancado por seu patrocinador e não ter de ouvir que houve benefícios ou facilitações. E é o terceiro ano seguido que Sharapova posa para fotos dentro de um Porsche em Stuttgart! É, aliás, a primeira vez na carreira que a russa conquista um torneio em três anos consecutivos.

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Sem ir na toalha (coisas que eu acho que acho):

– Victoria Azarenka não disputará os WTAs de Roma e Madri. A ex-número 1 do mundo anunciou sua ausência alegando que não está recuperada da lesão no pé esquerdo que sofreu em janeiro. Depois de alcançar as quartas de final no Australian Open, Vika tentou um retorno em Indian Wells, mas mostrou-se claramente sem condições de jogo. O comunicado desta semana não informa se a lesão foi agravada com a volta antes da hora na Califórnia nem fala sobre a participação da bielorrussa em Roland Garros. O Grand Slam parisiense começa no dia 25 de maio – falta menos de um mês.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.