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Saque e Voleio

Rogerinho, o salvador

Alexandre Cossenza

07/04/2014 06h00

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No universo de confrontos fora de casa para o Brasil, ter Rogério Dutra Silva como salvador da pátria não estava exatamente entre os cenários mais prováveis. O time sempre contou com Thomaz Bellucci como ponto de apoio. Foi principalmente com as vitórias do número 1 do país que a equipe do capitão João Zwetsch chegou ao Grupo Mundial em 2012.

As circunstâncias, contudo, exigiram mais de Rogerinho. Primeiro, sua tarefa era ser o número 1 de um time sem sua principal estrela. Até aí, tudo bem. O Equador, adversário da vez, era frágil, não representava grande ameaça. O destino, então pregou uma peça ao lesionar Guilherme Clezar durante o confronto. Além de principal simplista, Rogerinho passava a ter a obrigação de vencer o número 1 equatoriano, Emilio Gómez. Clezar, afinal, seria substituído por um duplista caso fosse necessário um quinto jogo para decidir o confronto.

Em melhor de três sets e numa quadra rápida, Bruno Soares ou Marcelo Melo seria capaz de derrotar Julio Campozano, 495º do ranking. Eu diria até que qualquer um dos dois seria favorito. Em uma quadra de saibro e tão lenta como a de Guayaquil, entretanto, as chances brasileiras ficariam bastante reduzidas. Até que Rogerinho foi lá e salvou a pátria. Superou um começo ruim (foi quebrado em seu primeiro game de saque) e um vacilo no segundo set (sacou para fechar a parcial, mas perdeu o serviço), mas derrotou Emilio Gómez por 3 sets a 1.

O piso lento acabou jogando a favor do brasileiro, que não se mostrou nada incomodado com longas trocas de bola. A tática funcionou a longo prazo. No começo do terceiro set, Gómez já sofria fisicamente. O placar reflete: 6/4, 6/7(10), 6/1 e 6/1. Assim, o Brasil está nos playoffs do Grupo Mundial mais uma vez. É o nono ano seguido nesta fase.

Questão de lógica (mas nem tanto)

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Sabe quando alguém (jornalista, tenista, capitão, tanto faz) diz que tal país é favorito, mas tudo pode acontecer em Copa Davis? Clichezão, né? Mas é a pura verdade, e os resultados do Grupo Mundial neste fim de semana são mais uma prova disso. A começar pela poderosa suíça, de Roger Federer e Stanislas Wawrinka. O duelo com o Cazaquistão começou com uma derrota do número 1 do país (Wawrinka) para Golubev. No sábado, a dupla cazaque venceu. O que parecia um 3 a 0 rápido antes do confronto havia se tornado um 2 a 1 para os azarões. Stan the Man ainda perdeu o primeiro set de seu jogo no domingo, mas felizmente encontrou seu tênis a tempo de virar e vencer. Depois, a lógica apareceu com Roger Federer. A Suíça, em casa, enfim derrotou o Cazaquistão por 3 a 2 e avançou às semifinais.

Os adversários suíços serão os italianos, que confirmaram o favoritismo, mas precisando de uma virada no domingo. Com Andy Murray vencendo nas simples e nas duplas (com Colin Fleming), a Grã-Bretanha abriu 2 a 1 no saibro de Nápoles. A zebra só não veio porque Fabio Fognini derrotou o campeão de Wimbledon – o que era esperado no piso lento – e Seppi selou o 3 a 2 ao derrotar Ward.

Outro duelo maluco foi França x Alemanha, em Nancy. Benneteau e Tsonga perderam, respectivamente, para Kamke e Gojowczyk na sexta-feira, deixando o time da casa contra as cordas. A reação, contudo, veio. Primeiro, com Benneteau e Llodra nas duplas. Depois, Tsonga bateu Kamke e igualou o confronto. Monfils, que ainda não havia entrado em quadra, fez 3 a 0 sobre Gojowczyk e fechou o confronto. Na semi, a França encara a República Tcheca, único time que não bobeou. No Japão, Stepanek, Rosol e Vesely fizeram 5 a 0 sobre o time da casa, que não tinha Nishikori, seu principal nome.

Coisas que eu acho que acho:

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– E repito a cada fim de semana de Davis, cheio de resultados imprevisíveis por todos os continentes: querem mesmo mudar o formato da competição?

– Nos playoffs, o Brasil jogará em casa se for sorteado para enfrentar Bélgica, Croácia, Espanha ou Estados Unidos. Se o adversário for a Sérvia, a sede será definida por sorteio. Contra Argentina, Austrália e Canadá o Brasil joga fora de casa. Difícil, bem difícil.

– O circuito feminino teve Ana Ivanovic conquistando o título do WTA de Monterrey, enquanto Andrea Petkovic levou para casa o troféu mais importante da semana, no saibro verde de Charleston. Sobre a conquista da alemã, vale notar a quantidade de tenistas que deram os parabéns e ficaram felizes com o resultado (vejam no blog da Sheila). Petko, de fato, é uma das pessoas mais queridas no circuito.

– Ainda em Charleston, vale lembrar a ótima campanha de Teliana Pereira, que venceu dois jogos, eliminando inclusive a romena Sorana Cirstea, número 27 do mundo, e alcançou as oitavas de final.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.