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Saque e Voleio

Sorteio ajuda o Brasil

Alexandre Cossenza

03/04/2014 16h43

Clezar_Gomez_JA_flickr_blog

Não há muito de novo a dizer sobre este Brasil e Equador, que começa nesta sexta-feira. O time do capitão João Zwetsch, mesmo sem Thomaz Bellucci, é favorito para avançar mais uma vez aos playoffs da Copa Davis. E o sorteio desta quinta, embora não faça tanta diferença assim, ajudou. Rogerinho faz o primeiro jogo contra Julio Campozano e, em seguida, Guilherme Clezar encara Emilio Gómez. Nas duplas, sábado, Bruno Soares e Marcelo Melo estão escalados contra Giovani Lapentti e Gonzalo Escobar. No domingo, as simples invertidas: primeiro, Rogerinho contra Gómez; depois, se necessário, Clezar e Campozano definem o confronto.

Mas voltemos ao tópico principal. O sorteio ajudou por quê? Porque Rogerinho, o simplista mais experiente, faz o primeiro jogo. O paulista, mesmo com torcida contra e tudo mais, é favoritíssimo contra Campozano, atual número 495 do ranking. Tudo leva a crer que o Brasil sairá na frente. Assim, o placar favorável descomplica a vida do estreante Clezar. Qualquer tenista diz que o primeiro jogo da carreira pela Copa Davis é dificílimo. O jovem gaúcho, pelo menos, deve ter a vantagem de entrar em quadra sem tanta pressão. Uma derrota não significaria deixar o Brasil atrás no placar, e jogar sem medo de perder faz maravilhas a qualquer atleta.

Gómez, apesar do ranking inferior, tem um ótimo saque e joga de forma inteligente. Pega forte na bola, mas não corre riscos desnecessários. Deve fazer um jogo bem equilibrado com Clezar. Foi assim no Rio de Janeiro, ano passado, quando os dois se enfrentaram em um Challenger. O primeiro set teve tie-break, com direito a uma chamada polêmica contra Clezar. O gaúcho reclamou, gritou e acabou perdendo a calma e a parcial. Gómez venceu por 7/6(7) e 6/4. Levando em conta que Guayaquil, outra cidade com calor e umidade, deve oferecer condições de jogo parecidas, é de se esperar uma partida igualmente parelha.

No entanto, ainda que Clezar sinta os nervos da estreia e saia derrotado, é difícil imaginar o Brasil perdendo a série. Um 3 a 0 não é nada impossível. Meu palpite? Na pior das hipóteses, a série vai ser decidida com a vitória de Rogerinho no quarto jogo. Seria necessário uma sequência improvável de eventos para que o time de João Zwetsch não avancasse e disputasse os playoffs do Grupo Mundial pelo nono ano consecutivo.

Grupo Mundial

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A elite tem quartas de final sem Sérvia ou Espanha, algo que não acontecia desde 2006. Assim, Roger Federer tem uma ótima chance de conseguir um dos dois feitos relevantes (o ouro olímpico em simples é o outro) que faltam em seu recheado currículo. Neste fim de semana, a Suíça, em casa, é favoritíssima contra o Cazaquistão de Golubev e Kukushkin.

O adversário dos helvéticos na semifinal sairá do confronto entre Itália e Grã-Bretanha, realizado em Nápoles, no saibro. Fognini, Seppi, Lorenzi e Bolelli encaram o time de Murray, Ward, Fleming e Hutchins. Com Andy nas simples e a dupla forte, o time britânico sempre tem chances, mas o piso lento dá o favoritismo ao time da casa. Na semi, a Suíça (sim, digam que estou menosprezando o Cazaquistão porque estou mesmo) joga em casa contra a Itália ou fora contra a Grã-Bretanha. Com Federer em quadra, não imagino uma derrota.

Na metade de cima das quartas de final, a República Tcheca, atual bicampeã, vai a Tóquio enfrentar o Japão. Berdych e Nishikori não jogam, o que faz dos tchecos favoritos – no papel. Rosol, Stepanek e Vesely enfrentam Soeda, Ito, Taro Daniel e Uchiyama. No piso rápido, eu apostaria minhas fichas em Rosol e Stepanek.

Quem vencer encara Alemanha ou França, que seria um belíssimo confronto, não fosse pela escalação alemã, sem Kohlschreiber, Haas, Mayer ou Benjamin Becker, seus quatro melhores tenistas atualmente. O time germânico vai de Kamke, Struff, Gojowczyk e Begemann contra Tsonga, Monfils, Benneteau e Llodra no piso duro (velocidade média) de Nancy. É redundante dizer que a França é favorita, mas é animadora a possibilidade de um confronto entre França e República Tcheca (em solo francês) na semifinal. Aguardemos.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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