Topo

Saque e Voleio

Tutorial: como "garfar" um uzbeque

Alexandre Cossenza

07/03/2014 12h02

Depois de duas semanas cheias, decidi dar uma reduzida no ritmo por estes dias. O blog voltará à frequência normal de posts na semana que vem. Por enquanto, deixo vocês com a trapalhada que o árbitro de cadeira marroquino Mohamed El Jennati aprontou durante a partida entre Radek Stepanek e Denis Istomin, na primeira rodada do Masters 1.000 de Indian Wells. Veja o vídeo!

A discórdia aconteceu quando o uzbeque tinha um break point e Stepanek sacava em 3/4 no segundo set. Os dois jogam um rali até que Istomin, ao acreditar que uma bola de seu adversário saiu, rebate, levanta o braço e sinaliza o pedido de replay. Stepanek ainda bate mais uma vez na bola e manda para fora. E o que acontece? O juizão dá ponto para o tcheco.

A lógica? Nenhuma. El Jennati argumenta que não viu Istomin pedir o replay – uma vergonha, porque o gesto foi bastante nítido, e o estádio viu. O uzbeque até ironiza, perguntando se, da vez seguinte, precisaria pular e gesticular ao mesmo tempo (dá para ouvir a plateia dando gargalhadas). Nada, no entanto, convence o árbitro. E o erro é mais grave porque a bola seguinte de Stepanek saiu! Ou seja, mesmo que Istomin não tivesse pedido o replay, o tcheco errou a bola seguinte.

O juizão, contudo, se perdeu lindamente. Quando o português Carlos Sanches, supervisor do torneio, entrou em quadra, El Jennati ainda teve a cara de pau de dizer que: 1) Istomin não pediu o replay; e 2) Istomin seguiu na disputa do ponto. Dois absurdos, que ficam ainda mais absurdos no replay.

Istomin, reclamou, gesticulou, tentou explicar que teria direito pelo menos ao replay da bola seguinte de Stepanek (a que foi claramente fora), mas nada adiantou. O uzbeque tinha razão em tudo e perdeu o ponto. O estrago só não foi mais grave porque Istomin, alguns pontos depois, conseguiu a quebra e venceu o segundo set. Stepanek, contudo, levou a terceira parcial e avançou para a segunda rodada por 6/1, 3/6 e 6/1. Seu prêmio? Enfrentar o cabeça 1, Rafael Nadal.

Coisas que eu acho que acho:

– A primeira parte bizarra da cena acontece quando El Jennati, ao ouvir Istomin dizer que pediu o replay, rebate com um "you didn't", ou seja "você não pediu". Logo depois, talvez percebendo a bobagem, o árbitro se corrige, dizendo "eu não vi."

– Igualmente surreal é o momento em que Istomin começa a explicar o lance ao supervisor, e El Jennati segue interrompendo, como uma criança querendo contar sua versão primeiro ao coordenador da escola. Patético.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.