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Saque e Voleio

Reencontrando o caminho

Alexandre Cossenza

28/02/2014 06h00

Bellucci_SP_r16_GasparNobrega_blog

Houve partidas feias, como a desta quinta-feira, contra o austríaco Andreas Haider-Maurer. Houve também atuações com falhas táticas. Foi assim contra Juan Mónaco, no Rio de Janeiro. Viradas? Foram três. Duas delas, em cima do colombiano Santiago Giraldo. E também houve momentos fantásticos, como o terceiro set contra Mónaco e o primeiro contra David Ferrer. Mais importante que tudo isso, contudo, é notar que Thomaz Bellucci voltou a vencer. E, graças às campanhas no Rio e em São Paulo, garantiu seu retorno ao top 100.

Há bastante a elogiar nestas duas semanas. Bellucci fez boa leitura tática de suas partidas, soube contar com a torcida nos momentos decisivos e, melhor ainda, não deixou de acreditar que era possível vencer. Por tudo isso, jogou cinco partidas de três sets e levou a melhor em quatro. O que aconteceu de uma hora para a outra? Gosto da explicação que o número 1 do Brasil deu após seu primeiro triunfo em São Paulo, ainda na terça-feira. Indagado (muito bem, por sinal) pelo repórter Felipe Priante, do Tenisbrasil, sobre suas análises mais profundas dos jogos, Bellucci deu a seguinte resposta:

De uma certa maneira, eu estou um pouco mais confiante, mais solto dentro de quadra. Isso não te traz medo de, às vezes, falar seu ponto fraco, de mostrar alguma fraqueza. Todo tenista tem seus pontos que não são tão fortes, e não é fraqueza dizer isso. Quando eu faço uma coisa bem, eu reconheço, eu falo. Hoje em dia, sou um jogador um pouco mais seguro de quadra, consigo expor mais o que sinto e consigo passar para as pessoas depois. Também para o Pato (Francisco Clavet, seu técnico), para a gente conversar sobre o jogo depois da partida. Acho que isso a maturidade, a experiência, vão trazendo isso para você.

Alguém pode dizer "grande coisa estar no top 100 outra vez" ou "não deveria ter nem saído", mas o fato é que Bellucci teve lesões, perdeu ritmo e despencou. Em outubro do ano passado, era o 168º na lista da ATP. Na segunda-feira passada, ainda era o 130º. Dois bons torneios, duas quartas de final (pelo menos), dois bons saltos. E ainda há uma ótima chance de ir mais longe no fraco Brasil Open, que viu um punhado de cabeças de chave caindo antes da hora. Bellucci encara Martin Klizan nas quartas, nesta sexta-feira. Se vencer, pega Albert Montañés ou Federico Delbonis na semi. Todos são jogos ganháveis.

Rogerinho_SP_r16_MarceloFerrelli_blog

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– O sistema de climatização improvisado pela Koch Tavares não deu conta de deixar o Ibirapuera em uma temperatura agradável. Nesta quinta-feira, o ginásio estava bem quente ainda que com pouco público. Se ficar mais cheio no fim de semana, deveremos ver as mesmas reclamações de sempre.

– O calor causou problema maior na quarta-feira, com um apagão na Quadra Central. Os cabos dos geradores superaqueceram e, por medida de segurança, a organização optou por desligar a força temporariamente. Foram 20 minutos sem luz, tempo no qual os geradores ficaram em stand by até que os cabos resfriassem.

Feijao_SP_r16_GasparNobrega_blog

Coisas que eu acho que acho:

– Se Bellucci consegue vencer sem jogar bem o tempo inteiro, não dá para dizer o mesmo dos outros brasileiros que entraram em quadra nas oitavas de final. Rogerinho teve chances contra Paolo Lorenzi e jogou bem em alguns momentos da partida, mas por pouco tempo, sem consistência. Acabou eliminado e saiu de quadra reconhecendo que precisa de mais ritmo de jogo. O paulista, é bom lembrar, teve lesões no tornozelo e no joelho no fim da temporada passada.

– Feijão foi vítima de seu corpo. Já no Rio de Janeiro, o paulista teve dores no abdômen, mas nada que o impedisse de atuar. Nas oitavas de final em São Paulo, nesta quarta, sentiu também dores nas costas. A combinação foi letal, e o número 2 do país foi forçado a abandonar a partida contra Montañés. No vestiário, chorou.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.