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Marcelo Melo é vice no Rio Open, mas quase ninguém vê: ruim para o tênis

Alexandre Cossenza

23/02/2014 16h42

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Marcelo Melo, duplista número 5 do mundo, entrou em quadra neste domingo em busca de seu primeiro título em um ATP 500. O brasileiro, que jogou ao lado do espanhol David Marrero, acabou derrotado pelos colombianos Juan Sebastian Cabal e Robert Farah (6/4 e 6/2), mas quase ninguém viu. Menos de 500 torcedores estavam na Quadra Central do Jockey Club Brasileiro, e o SporTV, canal detentor dos direitos de transmissão do torneio, não exibiu a partida.

Ninguém ficou feliz com a decisão da emissora, até porque no mesmo horário havia uma transmissão de showbol e um VT de futebol em dois dos três canais do SporTV. E também porque Marcelo Melo gentilmente atendeu o canal alguns dias atrás, quando houve queda de luz na Quadra Central, e era preciso preencher o espaço vazio com algo ao vivo. A "recompensa" foi a não transmissão da final de duplas. Até o mineiro, educado e lembrando que suas partidas foram exibidas durante a semana, mostrou-se triste com o que aconteceu.

"Eu acho que é um pouco ruim para o tênis ter um brasileiro numa final de um torneio no Brasil, numa primeira edição, sendo que teve todas as outras (partidas) transmitidas, mas alguma razão deve ter que eu desconheço. Não é questão de ficar chateado ou não porque se tivesse condição de transmitir, eles teriam transmitido. Não é possível que… (interrompendo) Tudo bem que a gente sabe que futebol no Brasil é 98%, mas o tênis também tem seu valor."

Antes, Melo já havia sido informado que a partida não seria exibida ao vivo.

"Eu fiquei um pouco surpreso porque a gente teve os jogos transmitidos durante a semana. Supostamente, a final de duplas seria no sábado, mas se tivesse um brasileiro, seria no domingo. Essa informação a gente tinha desde o início da semana. Até quando acabou a nossa semifinal, a gente foi informado que jogaria no domingo. Aí acabou a (coletiva de) imprensa, eu estava quase pronto para ir para o hotel, e nós ficamos sabendo que havia a opção de jogar no sábado, com transmissão, mas o jogo sendo cedo. Mas já era muito tarde na própria sexta-feira, então eu já sabia que não teria a transmissão."

Cabal_Farah_rio_f_trofeu_JoaoPires_blog

Coisas que eu acho que acho:

– Sobre o jogo, a diferença pode ser resumida em "chances aproveitadas". Melo e Marrero tiveram três break points no sexto game e não converteram. Na sequência, Cabal e Farah aproveitaram a única chance de quebra da parcial. No segundo set, brasileiro e espanhol tiveram break points no quarto e no sexto game, mas novamente falharam. Os colombianos converteram as duas que conquistaram. E é bem verdade que Marrero fez uma partida bem abaixo de seu nível normal, o que ficou mais evidente nos pontos importantes.

– Cabal e Farah foram impecáveis também na semi, contra Bruno Soares e Alexander Peya. Houve, também, uma pitada de sorte. Os campeões tiveram a chance de atuar contra brasileiros em uma quadra praticamente vazia, sem um público capaz de fazer a diferença. E escreverei mais sobre o público no post de segunda-feira, quando eu já estiver em São Paulo.

– Se o SporTV se pronunciar oficialmente sobre a não transmissão da final de duplas, reproduzirei aqui no blog o motivo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.