Topo

Saque e Voleio

Surrealismo tenístico

Alexandre Cossenza

13/02/2014 13h06

Este post é sobre um determinado cenário fictício, que acontece em um clube fictício, com um professor fictício, alunos fictícios e parentes fictícios de alunos fictícios. E, para facilitar esse exercício mental, usarei nomes fictícios. A começar pelo clube, que chamarei neste post de Tartaruga Tênis Clube (para encurtar, adotarei também a fictícia sigla TTC).

Parte 1: imaginem que este fictício TTC cobra R$ 55 fictícios por nove aulas de tênis mensais em grupo. Para ficar bem claro: você paga R$ 55 e seu filho fictício tem direito a nove aulas fictícias na escolinha do clube. Cada aula tem uma hora fictícia de duração. Parece ser a hora de tênis mais barata do mundo (são R$ 6,10 por hora), mas este é um post fictício, então tudo pode acontecer. Tente não se espantar – por enquanto.

Parte 2: em um hipotético cenário dentro desta ficção (a redundância, aqui, é proposital e necessária), uma determinada turma fictícia tem dez alunos e um professor. Sem ajudante, sem pegador de bola, sem rebatedor, nada. Só o professor fictício e os dez projetos de tenista, além, claro, dos parentes na beira da quadra fictícia. Agora imaginem que o avô fictício de um desses aprendizes fez o seguinte cálculo: em huma hora de aula, seu neto fictício bate na bola ativamente durante 1min20s. Estamos falando de um minuto fictício e 20 segundos fictícios. Eu sei, é difícil de acreditar, mas reforço: no mundo fictício do TTC, tudo pode acontecer.

Parte 3: um jornalista fictício, dono de uma barriga fictícia (que lindo seria se isso fosse verdade!), fica na beira da quadra acompanhando a aula. Um aluno fictício bate cinco forehands fictícios sem errar. Ele é bem melhor que o resto de sua turma. Depois das cinco direitas, ele fica 5min50s fictícios sem bater na bola. Logo, o jornalista fictício constata que a matemática do avô fictício faz sentido, mas só neste mundo de mentirinha, onde tudo pode acontecer.

Parte 4: neste cenário fictício, de cada mensalidade (R$ 55), o TTC fica com metade, ou seja, R$ 27,50 fictícios. O professor, que chamarei pelo nome fictício de Joaquim, fica com os outros R$ 27,50. Logo, em uma turma fictícia com dez alunos, Joaquim recebe R$ 275 fictícios por mês. Como Joaquim passa nove horas fictícias em quadra para ganhar esses R$ 275, conclui-se, ficticiamente, que cada hora trabalhada rende ao professor R$ 30,55. E estamos falando de uma modalidade pouco popular, com poucos professores disponíveis neste país fictício.

Parte 5: suponhamos que o fictício TTC não estipule um número mínimo de alunos por turma. Como tudo é possível neste mundo fictício, imaginemos uma turma com três pequenos tenistas. Nosso fictício Joaquim receberá mensalmente R$ 82,65 fictícios. Por essa conta, cada hora de seu trabalho fictício rende R$ 9,18.

Obrigado por participarem de meu exercício de imaginação. Depois de tudo isso, tenho uma pergunta a fazer. Peço que pensem com carinho e deixem suas respostas na caixinha de comentários:

E se tudo isso fosse verdade?

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.