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Saque e Voleio

Não esperem Wawrinka no Brasil

Alexandre Cossenza

28/01/2014 06h45

"Duvido que ele vá".

Foi assim, direto, que Lawrence Frankopan, empresário de Stanislas Wawrinka, falou sobre a chance de o suíço, campeão do Australian Open, viajar até São Paulo para disputar o Brasil Open. Seria, de fato, estranhíssimo se ele viesse.

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Quase tão estranho quanto o e-mail que foi enviado à imprensa na tarde de segunda-feira, pouco mais de 24h depois de Wawrinka derrotar Rafael Nadal em Melbourne. O cabeçalho dizia: "Brasil Open convida Wawrinka". Mas por que é estranho, você pergunta? Vejamos aqui:

1. É muito raro um torneio anunciar para a imprensa quando convida um jogador. A não ser, claro, depois que o tenista aceita o wild card. Não é o caso aqui. O normal é um torneio tentar vários jogadores até acertar com um. Então, só então, anunciar a negociação. Divulgar um convite oferecido (e não aceito) para a imprensa pode dar a impressão de que o torneio está querendo chamar atenção.

2. O Brasil Open, que começa dia 24 de fevereiro, ainda não anunciou um patrocinador máster. O site do torneio está no ar, limpinho, sem nenhuma marca.

3. A reputação do torneio com os jogadores não anda nada boa. Além de ninguém achar divertido jogar no calor do Ibirapuera ou no precário Mauro Pinheiro (um ginásio que tem um balde amarrado no teto), o evento de 2013 teve problemas com as bolas, o saibro e as linhas. Duvido que alguém aponte outro ATP 250 no calendário com tantos problemas.

Mesmo assim, o Brasil Open teve a ousadia de entrar em contato com o manager de Wawrinka e oferecer o convite. É uma conduta admirável, de quem pensa grande. Só que a chance de o suíço topar vir ao Brasil nunca foi grande (o que faz do release algo ainda mais estranho).

Wawrinka vai disputar o ATP 500 de Roterdã na semana do dia 10 de fevereiro e, em seguida, jogará o 250 de Marselha, a partir do dia 17. Os dois torneios são em quadra dura. Por que o número 3 do mundo viajaria às pressas de Marselha até São Paulo, que começa dia 24, para jogar um ATP 250 no saibro?

Não faz sentido nenhum. É por isso que Wawrinka não vem.

Quando seu empresário escreve "duvido que ele vá", o faz com bastante sinceridade. Managers não gostam de se antecipar às "respostas oficiais" dos torneios enquanto há uma negociação de fato. Resta ao Brasil Open torcer para Thomaz Bellucci vencer e vender os ingressos que estão encalhados.

Coisas que eu acho que acho:

– Li que muitos veículos de imprensa noticiaram o convite a Wawrinka. Só espero que nenhum leitor e fã de tênis interprete "Brasil Open convida Wawrinka" como "Wawrinka virá ao Brasil". Não é por aí.

– A chave do Brasil Open não é tão fraca assim. A lista de inscritos tem Tommy Haas, Nicolás Almagro, Marcel Granollers e Juan Mónaco. O torneio também terá Thomaz Bellucci e Guilherme Clezar, e resta um wild card. A organização tem um mês para atrair alguém que ajude a vender entradas.

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– Na outra ponta da Dutra, o Rio Open tem ingressos praticamente esgotados. As vendas foram impulsionadas pela presença de Rafael Nadal e David Ferrer, claro. E patrocinador é o que não falta: Claro hdtv, Itaú, Rolex, Peugeot, Correios, Raízen, Light, TAM, Xerox, Corona, Furnas, Asics, Amil, Head, Estácio, On, Sheraton, Perrier, Antonio Bernardo, Artefacto, Faberg e Jockey Club Brasileiro.

– Nesta semana, o Rio Open anunciou uma interessante ação promocional: o sorteio das chaves será realizado no Shopping Leblon, com participação do público. Quem estiver lá pode ter o privilégio de sortear os adversários de Rafael Nadal e Thomaz Bellucci, por exemplo. Marquem a data: dia 15 de fevereiro, a partir das 18h.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.