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Saque e Voleio

Campeã de simpatia

Alexandre Cossenza

25/01/2014 10h48

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O favoritismo foi confirmado, e Na Li conquistou, neste sábado, o título do Australian Open. Um triunfo que esteve perto de acontecer em 2011, quando Kim Clijsters derrubou a chinesa na final, e novamente no ano passado, mas uma torção no tornozelo facilitou o caminho para Victoria Azarenka. Desta vez, Na Li aproveitou a chance de jogar a decisão contra Dominika Cibulkova, estreante em finais de Grand Slam, e saiu vitoriosa: 7/6(3) e 6/0.

Não foi uma partida brilhante tecnicamente (no primeiro set, a própria Na Li teve 13% de aproveitamento de primeiro serviço após três games de saque), mas teve seus momentos, especialmente no fim do primeiro set. A segunda parcial, com a chinesa mais calma e uma Cibulkova tensa e errática, foi um passeio. E quem não gostou do jogo – meu caso – foi recompensado com a cerimônia premiação. Depois de uma sorridente Cibulkova subir ao palco, Na Li deu mais uma amostra de por que é uma das tenistas mais queridas do circuito.

A número 3 do mundo (será esta sua posição na próxima lista) já iniciou a falar agradecendo a seu empresário com a espetacularmente simples frase: "Max, agent, make me rich, thanks a lot". Algo como "Max, empresário, me faz rico, muito obrigado". Em seguida, falou de seu fisioterapeuta, do técnico Carlos Rodríguez (o mesmo de Justine Henin) e, claro, de seu marido, Jiang Shan, famoso desde 2011 por ser alvo de piadas da número 1 chinesa.

"Claro, meu marido, famoso na China. Obrigado por largar tudo e viajar comigo. Ele é rebatedor, encordoador, conserta raquetes, tem muitos empregos. Então, muito obrigado, você é um cara legal". E depois de arrancar gargalhadas do público com a última frase, ainda emendou: "Você é muito sortudo por me ter". Mais risadas vieram na sequência. Precisava dizer mais?

Se não foi a mais espetacular das partidas ou a mais memorável das campanhas em um Grand Slam (Na Li bateu Ana Konjuh, Belinda Bencic, Lucie Safarova, Ekaterina Makarova, Flavia Pennetta e Eugenie Bouchard antes da final), foi um final feliz e diferente, sem as campeãs de sempre (leia-se Serena Williams), e bacana de ver.

Sem ir na toalha (para ler em até 20 segundos):

– Na Li ganha um posição no ranking e sobe para o terceiro posto, mas fica a apenas 11 pontos da vice-iderança, ocupada por Azarenka. Cibulkova, número 24, será a 13ª da lista da WTA na próxima segunda-feira. A novidade no top 10 é a romena Simona Halep, que derruba Caroline Wozniacki do grupo.

– Pela quinta vez na Era Aberta, uma tenista levanta o troféu do Australian Open depois de salvar match point. Antes, Monica Seles (1991), Jennifer Capriati (2002) e Serena Williams (duas vezes, em 2003 e 2005) já haviam conseguido o feito. Na Li escapou por pouco da eliminação na terceira rodada, quando Lucie Safarova esteve a um ponto de avançar, mas não aproveitou a chance.

– Na Li agora soma 12 vitórias consecutivas e segue invicta em 2014. Antes de disputar o Australian Open, a chinesa jogou o WTA de Shenzhen, em seu país, e somou cinco triunfos: Zvonareva, Kichenok, Niculescu, Beck e Peng.

Coisas que eu acho que acho:

– Importante lembrar: o empresário de Na Li é o americano Max Eisenbud, o mesmo de Maria Sharapova – ele também é sócio da marca Sugarpova. No caso da chinesa, Eisenbud foi o responsável por algo inédito. Até pouco tempo atrás, a Nike, patrocinadora de Na Li, não permitia que seus tenistas usassem marcas de outros patrocinadores em suas mangas. A gigante americana, no entanto, abriu exceção para Na Li após o título de Roland Garros/2011.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.