Topo

Saque e Voleio

A humilhante experiência de Azarenka

Alexandre Cossenza

22/01/2014 06h46

Radwanska_AO_qf_get_blog

Tomemos as definições das palavras como elas são. Humilhação: ação ou efeito de humilhar-se. Humilhar: tornar-se humilde. Quem viu a partida entre Victoria Azarenka e Agnieszka Radwanska há de concordar com o Grande Dicionário Houaiss da língua portuguesa. A número 2 do mundo, atual bicampeã do Australian Open, viveu uma das experiências mais humilhantes de sua carreira profissional nesta quarta-feira, na Rod Laver Arena.

Esqueçam o placar: os 6/1, 5/7 e 6/0 que colocaram a polonesa nas semifinais em Melbourne contam só metade da história. Talvez menos. Porque Azarenka entrou em quadra com um retrospecto fantástico diante da polonesa: 12 vitórias em 15 jogos, com 12 sets vencidos em sequência nos últimos seis encontros. Há um motivo óbvio para isso. Enquanto Radwanska baseia seu tênis em variações e contragolpes, Vika comanda a maioria dos pontos com a potência de seus forehands e backhands. E velocidade de bola faz toda diferença do mundo.

Até aí, tudo bem. Em um dia normal, a bielorrussa é melhor do que a maioria do circuito. Acontece que esta quarta-feira não teve nada de normal. Azarenka falhou um bocado, e os 17 erros não forçados no primeiro set (em sete games!) foram a prova. Quando Vika não consegue ditar os pontos, entra em terreno inimigo. E com Radwanska do outro lado, a atual campeã passou a precisar correr atrás de curtinhas, lobs, slices para cá e para lá.

O fim, com Azarenka ainda descalibrada, foi um show da polonesa, que ganhou pontos do fundo da quadra e junto à rede, de todas as maneiras possíveis. Um doloroso lembrete para a bielorrussa de que ser a campeã não significa ser a melhor e de que há muitos aspectos em seu jogo que precisam evoluir. Não que Vika não saiba disso. Só acontece que Radwanska deixou algumas deficiências da rival escancaradas. Qualquer um que estivesse do outro lado da rede sairia de quadra um pouco mais humilde. Não acredita? Veja o vídeo abaixo.

Sem ir na toalha (para ler em até 20 segundos):

– A derrota de Azarenka tem peso enorme na briga pela liderança do ranking. Hoje, Serena Williams tem 5.109 pontos de vantagem sobre Vika. A bielorrussa, no entanto, defendia o título em Melbourne. Assim, a diferença entre elas a partir de segunda-feira será de 6.419 pontos. A americana terá quase o dobro de pontos da número 2 do mundo.

– As semifinais estão definidas com Cibulkova x Radwanska e Bouchard x Na Li. O Australian Open terá uma campeã inédita.

– A terceira posição ainda não está definida, mas sabe-se que Sharapova cairá pelo menos para o quarto lugar. Radwanska e Na Li brigam pelo número 3.

Coisas que eu acho que acho:

– Alguém arrisca palpites para as semifinais femininas? Do jeito que as coisas caminham em Melbourne, prever é a última coisa que tenho pretensão de fazer. Gostaria, no entanto, de ver Radwanska levantando um troféu de Grand Slam. Ela deve saber que não terá muitas chances assim.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.