Topo

Saque e Voleio

De novo, Rio Open promete e não cumpre

Alexandre Cossenza

14/01/2014 09h54

SONY DSC

Depois de um tumultuado primeiro dia de vendas online, o Rio Open voltou a tropeçar em suas próprias pernas nesta segunda-feira, quando um novo lote foi de bilhetes foi disponibilizado, mas só para quem pudesse ir à bilheteria do Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro. Estive lá, acompanhando minha mãe, que queria adquirir suas entradas, e o relato a seguir descreve o quão difícil e demorado foi sair de lá com os tíquetes na mão.

A bilheteria abriria às 9h, mas como o torneio não informou quantos ingressos seriam colocados à venda nesta segunda, optamos por chegar lá cedinho, pouco depois das 7h. Ainda nem havia placas sinalizando onde seria a venda, mas já havia fila, o que facilitou. Umas 30 pessoas estavam à nossa frente. Parecia improvável que não conseguíssemos todas entradas que queríamos.

Pouco depois das 8h, foi aberta a fila para prioridades. Minha mãe, com 71 anos, entrou nela. Eu fui junto, mas só para acompanhar. Não comprei nada. Às 9h, pontualmente, as vendas começaram. Apesar dos mais de dez guichês (além de dois para a fila prioritária e mais dois só para retirada de ingressos e gratuidades), foi quando os problemas começaram.

A fila andava a passo de tartaruga. Por volta das 9h15min, minha mãe foi convidada a retirar sua gratuidade (ela ganhou um ingresso para quinta à noite). Depois de cinco minutos, a atendente disse que a gratuidade estava "travada no sistema". Voltamos, então, a esperar por um guichê para compra. A fila não andava. Foi aí que descobrimos que os ingressos para sábado estavam bloqueados no sistema. Ninguém conseguia acessar, e algumas pessoas esperavam a normalização nos guichês. Enquanto isso, ninguém se mexia.

SONY DSC

A solução improvisada foi liberar os guichês para quem não queria ingressos para sábado. Lá fui eu acompanhar a minha mãe, que queria um bilhete para cada sessão. E aí vem a parte mais esquisita: para comprar seis sessões (segunda, terça, quarta, sexta, sábado e domingo) com cartão de crédito, era necessário aprovar o cartão seis vezes. O processo de compra, que já não era dos mais rápidos (todos podiam escolher assentos, mas não era possível visualizar todos setores ao mesmo tempo), era inteiramente repetido.

Esbarramos em mais um problema: os ingressos de segunda e terça tinham o mesmo preço. Logo, a operadora do cartão de crédito rejeitou a segunda compra (mesmo lugar e mesmo valor acionam os mecanismos de segurança das operadoras). Tivemos de usar um segundo cartão para fazer a aquisição.

Resumo da história? Levamos pouco mais de 20 (vinte!) minutos no guichê para comprar cinco tíquetes. E quando saímos dali, esperamos mais uns cinco minutos até que fomos informados que os bilhetes de sábado já estavam disponíveis. Voltamos e compramos. Já eram 9h45min, e a tal da gratuidade continuava travada. No fim, só às 10h05min, a funcionária liberou o ingresso para a minha mãe.

Ainda assim, o bilhete é um um lugar bem pior do que o prometido. Uma pena, especialmente porque um mês atrás, quando entrei em contato com o torneio perguntando se minha mãe só tinha direito a uma gratuidade, a resposta que recebi dizia que o torneio jamais havia prometido mais de um ingresso ou escolha de assentos (escrevi não porque prometeram, mas porque considero que um ingresso é muito pouco para um evento de 11 sessões, especialmente quando não se pode escolher o dia nem o assento).

Pois é. No fim das contas, apesar de todos funcionários se mostrarem atenciosos e genuinamente preocupados em ajudar, o Rio Open não conseguiu nem cumprir o (pouco) que prometeu. Mais uma vez.

SONY DSCO copo meio cheio

Após o episódio, fui levado pela assessora de imprensa do torneio, Diana Gabanyi, para conhecer a quadra central do Rio Open. As estruturas metálicas ainda estão sendo levantadas, mas a área de jogo já está em perfeito estado. O diretor do torneio, Lui Carvalho, lembrou que a quadra já vem sendo utilizada, o que ajuda a assentar o saibro, algo muito importante em quadras novas (evita que aconteça o desastre do Brasil Open do ano passado, quando o saibro do Ibirapuera ficou irregular e foi muito criticado).

A conversa com Lui me deixou animado. Até porque eu já vi de perto o resultado de sua competência. Quando tocou o Brasil Open em 2011 e 2012, o paulista fez belos eventos. E não é fácil fazer um torneio no Ibirapuera – vide os problemas do ano passado, quando Lui já havia deixado a promotora.

Bellucci, IMX e Koch Tavares

Thomaz Bellucci ainda não definiu totalmente seu calendário pós-Australian Open e não sabe se estará no Brasil Open, em São Paulo. Até agora só se sabe que o paulista jogará o Rio Open, um ATP 500 uma semana antes. Trata-se, afinal, de um torneio da IMX, que agencia sua carreira e lhe concederá um wild card.

Levei o assunto a Lui, que garantiu: a decisão de jogar (ou não) em São Paulo será tomada baseada unicamente em aspectos tenísticos (calendário, desgaste físico, etc.). O desgaste de Bellucci com a Koch Tavares (o tenista deixou a promotora em 2013 em termos nada amigáveis) não será um fator.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.