Topo

Saque e Voleio

Um cenário nada estranho

Alexandre Cossenza

05/01/2014 06h40

Serena Williams conquistando um título após derrotar Maria Sharapova e Victoria Azarenka, Na Li levantando um troféu na China e Ana Ivanovic sagrando-se campeã ao bater Venus Williams em uma decisão. Ainda que hoje em dia não seja lá muito frequente ver a sérvia com uma taça nas mãos, não dá para dizer que o cenário está um bocado diferente na temporada 2014.

Serena_Brisbane_trofeu_div_blog

No fortíssimo Premier de Brisbane, Serena Williams chegou ao título sem perder sets, após derrotar Andrea Petkovic, Dominika Cibulkova, Sharapova e Azarenka. Nenhuma novidade, a não ser pela interessante estratégia contra a bielorrussa na decisão. A americana atacou em quase todas devoluções, evitando ralis e não deixando a adversária ganhar ritmo.

Não é segredo que Vika prefere longas trocas de bola, apostando em sua consistência e na possibilidade de, dada a chance, fazer Serena bater na bola em deslocamento. A número 2 do mundo, no entanto, não teve muitas oportunidades para fazer isso em Brisbane. A americana foi agressiva o tempo inteiro, e um bom exemplo disso foi a única quebra do primeiro set, que veio no único game ruim da adversária. Azarenka cometeu duas duplas faltas, o que também pode ser creditado à pressão imposta pelas devoluções de Serena, além de um erro não forçado durante uma troca de bolas.

Parece precipitado cravar que Serena investirá na mesma tática em caso de um confronto em Melbourne, mas não é nada arriscado afirmar que a número 1 do mundo é tão favorita ao título do primeiro Slam de 2014 quanto sempre foi.

NaLi_Shenzhen_trofeu_div_blog

No International de Shenzhen, na China, o título ficou em casa, com Na Li. O resultado não serve como grande indicação das chances da número 3 do mundo no Australian Open, já que ela não enfrentou nenhuma top 50 na chave, mas é um sinal animador para uma atleta que não está entre as mais regulares do planeta. Seu nível equipara-se aos de Sharapova e Azarenka em dias bons, mas suas jornadas ruins, que nem são tão raras, provocam derrotas surpreendentes.

Na Nova Zelândia, no International de Auckland, Ana Ivanovic voltou a conquistar um título, algo que não acontecia desde 2011. A sérvia, que passou por Alison Riske, Johanna Larsson, Kurumi Nara e Kirsten Flipkens até a final, precisou derrotar Venus Williams na decisão. Não foi um jogão – tecnicamente falando. As duas arriscaram muito, erraram muito, e os ralis quase não aconteceram.

Ivanovic_Auckland_div4_blog

E se houve emoção, muito do crédito (da culpa?) é de Ivanovic, que não aproveitou o match point nem confirmou o serviço quando sacava para o título no segundo set. No terceiro, contudo, a sérvia quebrou logo no início e resistiu até o fim, salvando inclusive dois break points no último game. Ainda que não tenha sido o torneio mais forte da semana, é animador ver Ivanovic vencendo jogos e superando momentos complicados. Chegará confiante a Melbourne.

Coisas que eu acho que acho:

– Levando em conta que são confrontos entre tenistas que lideraram o ranking mundial mais de uma vez, é assustador o retrospecto de Serena Williams diante de Maria Sharapova, com 15 vitórias e duas derrotas. Agora, após a semifinal de Brisbane, já são 14 triunfos consecutivos, com a russa vencendo apenas um set nos últimos dez encontros. Sempre me vêm à mente as 15 vitórias seguidas de Roger Federer sobre Lleyton Hewitt, mas no caso de Serena e Sharapova, a russa ainda briga constantemente pelos primeiros postos na lista da WTA. É a atual número 4 do mundo. Hewitt jamais ameaçou voltar ao topo desde que perdeu a ponta para Andre Agassi. São casos bem diferentes (e escrevi este parágrafo antes do título do australiano em Brisbane!).

– Parece um tanto preocupante o número de desistências e abandonos logo na primeira semana da temporada. Ainda que todos estejam pensando no Australian Open, é estranho ver tanta gente lesionada pouco depois da pré-temporada. Em três torneios, o número de desistências e abandonos já passa de dez – com alguns nomes bem famosos. Até agora, a lista tem Caroline Wozniacki, Sabine Lisicki, Anastasia Pavlyuchenkova, Ashleigh Barty, Timea Babos, Vania King, Alexandra Cadantu, Jamie Hampton, Sloane Stephens e Flavia Pennetta. E é bem possível que eu tenha esquecido de alguém (não contei os qualifyings nem o desfalque de Venus Williams, que não jogará em Hobart).

Cornet_Tsonga_Hopman_trofeu_div4_blog

– Alizé Cornet saiu da Copa Hopman com o troféu de campeã, jogando ao lado de Jo-Wilfried Tsonga. Entre as mulheres que estiveram em Perth, porém, a melhor campanha foi de Agnieszka Radwanska, que venceu todas partidas que fez. Bateu Flavia Pennetta, Eugenie Bouchard, Samantha Stosur e a própria Cornet.

– Os três torneios torneios femininos da semana foram vencidos por campeãs de Grand Slam. Ainda que não seja uma estatística muito relevante, fica registrada a curiosidade/coincidência.

– Sobre Teliana Pereira, não há muito a dizer. Seu pré-Australian Open termina com duas vitórias e duas derrotas – tudo nos qualis de Brisbane e Hobart. Não dava para esperar muito mais do que isso. Em Melbourne, é torcer para um sorteio favorável, que lhe permita fazer um ou dois jogos ganháveis.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.