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Saque e Voleio

Dupla história de sucesso

Alexandre Cossenza

09/11/2013 14h08

Seis jogos, cinco vitórias e dois tenistas classificados para as semifinais. É ótima assim a participação brasileira no ATP Finals deste ano. Marcelo Melo e Ivan Dodig venceram todos seus jogos, incluindo a estreia contra Bob e Mike Bryan, enquanto Bruno Soares e Alexander Peya foram derrotados em sua primeira partida, contra Paes e Stepanek, mas conquistaram dois triunfos na sequência e também conquistaram o direito de brigar por uma vaga na decisão.

Falar sobre o bom momento dos mineiros é um tanto redundante. Bruno Soares é o número 3 do mundo, e Marcelo, o 5. Resultado do que ambos fizeram nas últimas 52 semanas. Não é pouca coisa. No entanto, pouco se fala sobre seus parceiros, que são igualmente responsáveis pelo sucesso. E as histórias dos times, bastante distintas, são igualmente curiosas. Antes das semifinais, vale lembrar como nasceram as parcerias e o porquê de seus excelentes resultados.

Melo_Dodig_London_AFP_blog

Melo e Dodig se uniram em fevereiro do ano passado, no ATP 500 de Memphis. Por uma dessas coincidências, os parceiros de ambos desistiram pouco antes do torneio. Brasileiro e croata, então, jogaram juntos pela primeira vez e alcançaram a final. Era só um indício do que potencial do time.

Dodig talvez seja o tenista mais subestimado em Londres. E quando digo subestimado, não é que não lhe deem valor. Falo da relação reconhecimento-resultado-talento. Falo de alguém que passou grandes apertos financeiros e chegou, sem badalação, ao top 30. E hoje, número 6 do mundo em duplas e 33 em simples, o croata de 28 anos é provavelmente quem melhor joga do fundo de quadra entre os 16 duplistas do ATP Finals (grupo que inclui também os "simplistas" Fernando Verdasco e Radek Stepanek).

Combine o fundo de quadra sólido, os bons saques e ótimas devoluções de Dodig com o tamanho de Marcelo Melo (com todos seus méritos técnicos, claro), e o resultado é, por enquanto, uma vaga nas semis do ATP Finals.

"Para mim, foi muito engraçado. Quando começamos a jogar, eu não sabia como ele jogava. Eu estava só fazendo meu jogo. Logo descobri que se eu acertasse meu saque, esse cara iria cobrir a rede inteira. Eu não preciso fazer tanto. Ele é ótimo, combinamos bem", disse Dodig, sobre o início da parceria com Marcelo Melo, ao ATP World Tour Uncovered, em outubro (veja aqui).

Soares_Peya_London_AP_blog

O caso de Alexander Peya é um pouco diferente. O austríaco não é um fenomenal sacador nem devolvedor. Aliás, Peya não é fenomenal em nada. Ele é o parceiro que nós, brasileiros, amamos odiar e culpar nas derrotas (experimente, leitor, acompanhar o Twitter em dias de jogo). Contudo, o tenista de 33 anos tem um jogo sem buracos, sem um ponto fraco evidente. Peya faz tudo muito, muito bem, e Bruno Soares sabe disso.

Sempre soube, aliás. E o maior mérito do brasileiro pelo sucesso da parceria talvez seja fora de quadra, como olheiro. Partiu de Soares a iniciativa de formar um time com Peya, que era sua primeira opção desde o término da parceria com Marcelo Melo, em 2011. O austríaco, no entanto, tinha compromisso com o compatriota Oliver Marach no começo de 2012, e só veio a formar parceria fixa com o mineiro no segundo semestre.

"Ele é completo. Ele saca bem, devolve bem, voleia bem, se mexe bem, tem uma boa segunda bola, acho que a gente encaixa no aspecto de ser uma dupla sólida, com todos os pontos bons. A gente não tem nenhum buraco aparente. A gente vai perder o saque um pouco mais que grandes sacadores, como Max Mirnyi e Daniel Nestor, então é importante ter essa força quando a gente devolve. Poder ter a tranquilidade para sacar e, caso perca o saque, saber que, a qualquer momento, a gente pode quebrar os caras também", avaliou, em bate-papo comigo, um pouco antes do início desta temporada.

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– Nas semifinais, Ivan Dodig e Marcelo melo vão enfrentar os espanhóis Fernando Verdasco e David Marrero, enquanto Bruno Soares e Alexander Peya ainda não sabem quem vão enfrentar (escrevo o post às 14h de Brasília). Seus adversários serão os irmãos gêmeos americanos Bob e Mike Bryan ou os poloneses Mariusz Fyrstenberg e Marcin Matkowski.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.